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Avalanche de lama destrói distrito de Mariana após rompimento de barragem

As casas ficaram debaixo do material contaminado com resíduos de mineração. Equipes da Defesa Civil e Bombeiros ainda não calcularam as dimensões dos prejuízos

Estado de Minas
postado em 05/11/2015 22:55

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Mariana, Minas Gerais - O subdistrito de Bento Rodrigues, em Mariana, na Região Central de Minas Gerais, desapareceu sob uma avalanche de lama tóxica, com o rompimento de parte da Barragem Fundão, da mineradora Samarco, na tarde desta quinta-feira, deixando desabrigados ; imagens aéreas mostram a destruição, com casas debaixo do material contaminado com rejeitos de mineração. O Hospital Monsenhor Horta confirmou, até a publicação deste texto, uma morte e quatro feridos, mas o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Extração de Ferro e Metais Básicos de Mariana (Metabase) estima consequências piores: entre 15 e 16 pessoas estariam mortas e 45 desaparecidas.

Na Policlínica de Santa Rita Durão, era intenso o movimento de feridos no fim da noite. O prefeito de Mariana informou que moradores desalojados se organizam em comissão para avaliar soluções, enquanto uma rede de pousadas e hotéis se mobiliza para oferecer apoio aos desabrigados. Duas equipes da Defesa Civil de Minas Gerais foram encaminhadas para o local do acidente com o apoio de quatro aeronaves da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros de Belo Horizonte para o resgate de pessoas ilhadas. A Defesa Civil também não sabe precisar, por enquanto, o número de vítimas.

[SAIBAMAIS]A Prefeitura de Ouro Preto informou que foram enviadas sete ambulâncias para Bento Rodrigues ; seis de suporte básico e uma de suporte avançado ; e outras três estavam a caminho. A Prefeitura de Ouro Preto reforçou ainda que o hospital Santa Casa e a Unidade de Pronto Atendimento (Upa) estão mobilizados para atendimento às vítimas. A população de Mariana e região também já se mobiliza para ajudar as vítimas do rompimento da barragem que estão desabrigadas. Donativos como colchões, roupas, fraldas, água mineral e produtos de higiene pessoal estão sendo recebidos no Ginásio da Arena de Mariana. O governador Fernando Pimentel informou que vai visitar o local do acidente nesta sexta-feira. A assessoria informou que o governo acionou o gabinete militar para acompanhar a operação e manter Pimentel informado.

O Ministério Público de Minas Gerais instaurou inquérito para investigar as causas e responsabilidades no rompimento da barragem. A apuração está a cargo do promotor de Justiça Carlos Eduardo Ferreira Pinto, coordenador da Promotoria de Meio Ambiente. Segundo o último relatório da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), a barragem tinha estabilidade garantida pelo empreendedor. Ou seja, tinha um responsável técnico, mas segundo esse mapeamento não foi vistoriada. "Trata-se de uma tragédia sem precedentes na história de Minas Gerais", lamentou o promotor. Depois de uma vistoria, a Copasa concluiu que o acidente ainda não impactou nenhum dos mananciais que compõem a Bacia do Rio das Velhas, um dos sistemas que abastece a Região Metropolitana de Belo Horizonte. O monitoramento vai continuar, segundo a empresa.

Em nota, a Samarco alegou que "as autoridades foram devidamente informadas e as equipes responsáveis já estão no local prestando assistência", mas não informou as causas do acidente. O vice-presidente do Sindicato Metabase de Mariana, Angelo Eleutério, que está próximo ao local do acidente, diz que não é possível saber ainda o número de desaparecidos e vítimas. Segundo ele, a lama desceu até a parte baixa do subdistrito de Bento Rodrigues.



O rompimento da barragem da Samarco em Mariana pode ser o mais grave já registrado no Brasil, segundo dados do Comitê Brasileiro de Barragens. O maior rompimento com vítimas, até então registrado, foi na Mina de Fernandinho, em Itabirito, em 1986, quando morreram sete pessoas. O segundo maior acidente foi em 2001, na barragem de Rio Verde, em Macacos, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, quando morreram cinco pessoas.

(Participaram da cobertura: Paula Caroline, Daniel Camargos, Alessandra Mello, Valquíria Lopes, Matheus Parreiras, Landercy Emerson, Rodrigo Melo, Fred Bottrel, Ellen Cristie, Liliane Corrêa, Cecília Emiliana, Francelle Marzano, Luiz Othávio Gimenez, Thiago Lemos, Marcelo Faria, Adriana Santos, Pedro Galvão e Marina Rigueira. Colaboraram Eduardo Oliveira, Larissa Ricci e Raquel Barakat)

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