Brasil

Moradores de Chapecó falam da religiosidade e alegria do zagueiro Neto

O zagueiro foi o último sobrevivente a ser resgatado em Medellín e está em estado crítico

Marcos Paulo Lima - Enviado especial
postado em 08/12/2016 07:46

O zagueiro foi o último sobrevivente a ser resgatado em Medellín e está em estado crítico

Chapecó - Parece discurso ensaiado, mas não é. Bastar ouvir alguns dos 210 mil habitantes da cidade do oeste catarinense para as declarações se repetirem como se fossem uma gravação: o povo considera as vítimas da tragédia de Medellín um parente próximo da família. Sentia orgulho de topar com os ídolos na padaria, no supermercado, na farmácia, em restaurantes, na mesa do bar e até em baladas. No Shopping Pátio Chapecó, por exemplo, um dos mais queridos pelos lojistas é um sobrevivente do desastre: Hélio Hermito Zampier Neto ; o zagueiro Neto.

[SAIBAMAIS]Pai ausente nas viagens com a Chapecoense, mas muito presente quando está em casa, Neto adora ir a uma loja de roupa infantil com a esposa para atualizar as peças dos filhos. ;Ele tem um casal de gêmeos. Quando vem aqui, é ele quem escolhe as roupas, quem decide. A filhinha é quem mais conversa comigo. Adora as tiaras;, conta Darlen Wickert, dona do estabelecimento.

A empresária ficou amiga do casal, principalmente de Simone, esposa de Neto. A proximidade com o jogador facilita a descrição de quem é o sobrevivente do acidente aéreo. ;Ele é muito religioso. O tempo inteiro ele fala em Deus. Quando eu soube do acidente, algo me disse que ele não havia morrido. Fiquei receosa de tentar contato com a Simone, mas, quando consegui falar, ela só me respondeu que Deus já tinha feito o milagre dele, que era o fato de o Neto estar vivo;, diz Wickert.

Neto e Simone chegaram a contar para a empresária a intervenção divina em uma cirurgia pela qual o jogador da Chapecoense teve de passar no primeiro semestre. ;Uma vez, ele sofreu uma lesão e poderia ficar paraplégico. Ele decidiu marcar uma cirurgia e colocou tudo nas mãos de Deus. Ele contou que a cirurgia demorou oito horas. Ali, eu vi que ele era muito religioso. Eu tinha certeza de que a fé dele seria mais forte do que a morte;, recorda.

O depoimento de Darlen Wickert combina com o de José Luiz Facchio. Dono de um restaurante de comida japonesa na praça de alimentação do shopping, ele testemunha. ;O Neto adora comer aqui com a mulher e os filhos. E como gosta de falar de Deus para mim. Ele parava para pagar a conta e ficava evangelizando. Soube da notícia do acidente de madrugada, mas, impressionante, no meu subconsciente, algo me dizia que ele não estaria na lista das vítimas devido ao tamanho da fé dele. Você vê no rosto dele que é um cara diferente;, ressalta. Neto frequenta uma igreja Batista em Chapecó.

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