Brasil

PF investiga suspeitos de quadrilha que lavou mais de R$ 5,7 bilhões

A Polícia Federal e Receita Federal cumprem 153 mandados em operação contra lavagem de dinheiro e evasão de divisas em cinco estados. Criminosos usavam contas fantasmas para lavagem de dinheiro e transferia altos valores para contas no exterior

Jacqueline Saraiva
postado em 15/08/2017 07:22
Detalhe de colete de agente da PF, de costas, onde está escrito Polícia Federal
Uma quadrilha especializada na prática de lavagem de dinheiro e evasão de divisas, que atua no Brasil e em outros países, é alvo de uma investigação da Polícia Federal (PF) na Operação Hammer-on, que ocorre nesta terça-feira (15/8). Há indícios de que empresas controladas pelo grupo criminoso movimentaram mais de R$ 5,7 bilhões de origem ilícita de 2012 a 2016.

As 153 ordens judiciais expedidas pela 13; Vara Federal de Curitiba são cumpridas por cerca de 300 agentes da PF e 45 servidores da Receita Federal, que atuam em conjunto. São 2 mandados de prisão preventiva, 17 de prisão temporária, 53 de condução coercitiva e 82 de busca e apreensão em várias cidades do Paraná, São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais e Santa Catarina. Os investigados responderão pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, gestão temerária, operação irregular de instituição financeira e uso de documento falso.

Conexão no Paraguai

De acordo com a PF, a investigação foi iniciada em 2015, com foco em um grupo criminoso composto de cinco núcleos interdependentes. Eles utilizavam contas bancárias de várias empresas, geralmente fantasmas, para receber grandes valores de pessoas físicas e jurídicas interessadas em adquirir mercadorias, drogas e cigarros provenientes do exterior, especialmente do Paraguai. "O dinheiro sujo era creditado nas contas das empresas controladas pela organização criminosa e, em seguida, enviado para o exterior", afirmou a PF em nota.

Para que os valores chegassem nas contas do exterior, os criminosos usavam o sistema internacional de compensação paralelo, sem registro nos órgãos oficiais, mais conhecido como operações dólar-cabo. Outra forma para a lavagem de dinheiro ocorria por intermédio de ordens de pagamento internacionais emitidas por algumas instituições financeiras brasileiras, duas destas já liquidadas pelo Banco Central (BC). "Essas ordens de pagamento eram realizadas com base em contratos de câmbio manifestamente fraudulentos, celebrados com empresas fantasmas que nem sequer possuíam habilitação para operar no comércio exterior", explicou a PF.

A Operação Hammer-on - nome dado à técnica usada em instrumentos de corda para ligar duas notas musicais com uma mesma mão - é um desdobramento das operações Sustenido e Bemol, feitas pela Polícia Federal e pela Receita Federal de Foz do Iguaçu (PR) respectivamente, em 2014 e 2015. Segundo a PF, as organizações criminosas investigadas nas duas últimas ações intermediavam as negociações entre criminosos brasileiros e paraguaios, sendo responsáveis por garantir o pagamento de fornecedores paraguaios de drogas, cigarros e mercadorias, além de ocultar dinheiro de origem criminosa.

Veja as cidades onde são cumpridas ordens judiciais hoje:


; Paraná

Foz do Iguaçu
Curitiba
Almirante Tamandaré
Piraquara
São José do Pinhais
Assis Chateaubriand
Renascença

; Santa Catarina

Itapema
Balneário Camboriú
São Miguel do Oeste

; Espírito Santo

Vitória
Serra
Vila Velha

; São Paulo

Guarulhos
Franca

; Minas Gerais

Uberlândia

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