Brasil

Naufrágio na Bahia tem 18 vítimas confirmadas; Marinha retoma buscas hoje

Até o momento, 18 mortes foram confirmadas; entre as vítimas, está um bebê de 1 ano que chegou a ser atendido em uma ambulância

postado em 25/08/2017 06:00

A lancha Cavalo Marinho I estava com a documentação legal e certificado de vistoria em dia

Menos de 48 horas após a tragédia no Rio Xingu, no Pará, outro naufrágio fez vítimas no país, desta vez na Bahia. O acidente foi com uma lancha que tinha 124 pessoas a bordo e fazia a travessia Mar Aberto-Salvador, na manhã de ontem. A Marinha confirmou 18 mortos, entre eles, um bebê de 1 ano ; ele chegou a ser atendido numa ambulância, mas, após duas horas de tentativa de reanimação, foi declarado o óbito. Oitenta e nove pessoas foram resgatadas com vida. As buscas serão pelas 17 pessoas que ainda estão desaparecidas foram retomadas hoje.


A hipótese é que as condições climáticas tenham causado o naufrágio. A lancha Cavalo Marinho I saiu da Ilha de Itaparica às 6h30, com destino ao Terminal Náutico, em Salvador. O acidente aconteceu 10 minutos depois.

De acordo com a Associação dos Transportadores Marítimos da Bahia (Astramab), a lancha estava regular, com documentação legal e certificado de vistoria. O número de passageiros atendia à capacidade permitida, de 160.

A lancha é o meio de transporte mais rápido e barato para moradores da Ilha de Itaparica que trabalham ou estudam em Salvador. O trajeto é feito, diariamente, por cinco mil pessoas, de acordo com a Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transporte e Comunicações da Bahia (Agerba).

Equipe de resgate carrega corpo: hipótese é que más condições climáticas causaram a tragédia


Nesta semana, a travessia foi interrompida por causa do período prolongado de maré baixa ; nesses casos, o terminal de Vera Cruz fica inoperante. Na quarta-feira, os fortes ventos e o mar agitado provocaram a suspensão das viagens com escunas de turismo.

A travessia, que ocorre há cerca de 55 anos, só foi regulamentada há cinco. As empresas CL Transportes e Vera Cruz ganharam licitação pública para realizar o transporte intermunicipal de passageiros. A Agerba informou que é responsável por controlar os horários de linhas e terminais, e a fiscalização das embarcações cabe à Marinha.

O Correio questionou a Marinha sobre a segurança nos portos, mas não obteve resposta. O comandante Fábio Almeida, porta-voz da Capitania dos Portos da Bahia, não deu detalhes sobre como é feita a fiscalização no estado. Ele frisou que no momento a preocupação é resgatar as vítimas. O governo da Bahia decretou luto oficial de três dias.

"Todas as forças do governo do estado estão mobilizadas para dar assistência e prestar socorro às vítimas. Todas as providências foram tomadas imediatamente, com o reforço dos nossos efetivos nas áreas da segurança e da saúde pública;
Trecho da nota do governador Rui Costa (PT)

Mapa mostra local do naufrágio na Bahia


"Vi muitos corpos", diz sobrevivente

Sobreviventes do naufrágio na Bahia relataram os momentos de desespero enquanto a lancha afundava. A administradora de empresas Meire Reis, de 53 anos, havia assistido, na noite anterior, às notícias do naufrágio no Rio Xingu. ;Eu conversei com meu marido na quarta-feira à noite sobre o acidente com o barco no Pará. Estava triste;, contou.

Diariamente, Meire faz a travessia para Salvador. Ontem, a embarcação, programada para sair no horário, era a Cavalo Marinho I. ;É uma lancha antiga, a menor delas. Roda há pelo menos uns 40 anos. Já lançaram a Cavalo Marinho II, III, com capacidade maior. Essa pega somente 129 pessoas mais a tripulação, com quatro.;

No instante em que a lancha virou, Meire diz que olhou para o teto a fim de pegar os coletes que estavam amarrados com um nó difícil de desfazer. Ela não sabe nadar. A administradora bateu com a cabeça no teto do barco, e as pessoas começaram a cair umas por cima das outras.

;Foi um desespero total. Imagina, no mar, e eu não sei nadar. Lembrei da conversa com meu marido e mergulhei. Fui me distanciado do local onde havia desespero. Nisso, eu me deparei com um bote e me segurei nele. O socorro demorou a chegar. Eu olhava e via muitos corpos no mar. Tinha criança lá. Que tragédia.;

O sonoplasta Edvaldo Santos, de 51 anos, também conseguiu se salvar e reclamou da demora das equipes de salvamento. ;Um absurdo. Levaram duas horas para chegar, e estávamos próximos ao atracadouro.;

[VIDEO1]


No Pará, 21 óbitos

Mais corpos foram resgatados no Rio Xingu ontem, após o naufrágio do barco Capitão Ribeiro, elevando para 21 o número de mortos no acidente, segundo o governo do Pará. Pelo menos 23 pessoas sobreviveram.

O dono do barco afirma que havia 48 pessoas a bordo e não 70, como foi divulgado. O homem começou a ser ouvido ontem pela polícia.

Segundo a Agência Estadual de Regulação e Controle de Serviços Públicos (Arcon-PA), o barco não tinha autorização para fazer o transporte de passageiros e estaria irregular. A perícia na embarcação poderá determinar se havia segurança para os passageiros.

Temer, enfim, se manifesta

Depois de mais de 24 horas do acidente com uma embarcação no Pará e após o naufrágio de ontem na Bahia, o presidente Michel Temer emitiu nota sobre as tragédias. ;A Presidência da República lamenta profundamente a perda trágica de dezenas de vidas em acidentes com embarcações no Pará e na Bahia. O presidente Michel Temer manifesta, neste momento de dor, sua solidariedade às famílias das vítimas e coloca a estrutura do governo federal para ajudar nas buscas e no apoio aos sobreviventes;, diz a nota oficial, assinada pela Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação