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Conheça os pedreiros que ajudaram a salvar crianças em Janaúba

A exemplo da professora Helley Batista, três homens também tiveram papel heroico na tragédia na tragédia de Janaúba, salvando a vida de crianças queimadas por vigia

Luiz Ribeiro/Estado de Minas - Enviado especial
postado em 08/10/2017 15:04
[VIDEO1]A exemplo da professora Helley Abreu Batista, três homens também tiveram papel heroico na tragédia na tragédia de Janaúba, salvando a vida de crianças queimadas por vigia. Conheça os heróis

A bravura da professora Helley Abreu Batista, de 43 anos, que deu a própria vida para tentar salvar seus alunos da crueldade do vigia Damião Soares dos Santos, encontrou a companhia de três pedreiros que certamente contribuíram para evitar o pior. Graças ao esforço do trio de trabalhadores, a tragédia na creche Gente Inocente não teve dimensões ainda maiores, além das 10 pessoas que já morreram oito crianças, a professora e o autor do crime. Mas mesmo assim eles não se consideram heróis.

Os pedreiros Joaquim Barbosa da Silva, de 45, e Arley Teixeira Alves, de 31, que também tiveram o apoio de outro colega, estavam trabalhando na construção de uma casa a cerca de 100 metros da creche incendiada, quando perceberam o tumulto e correram para a unidade municipal de ensino.
Ar;ley conta que ao chegar percbeu que várias das crianças estavam deitadas no chão e a situação era de total desespero entre as professoras.
Ele chegou a tirar algumas vítimas e leválas para a rua. ;Só que as crianças pequenas queriam voltar para a creche porque na rua não encontraram suas mães.;

A situação era tão desesperadora, que mesmo com o clima de desastre dentro da creche os meninos e meninas insistiam em voltar. Joaquim disse que inclusive teve que ficar na porta para impedir o retorno para o local das chamas. Com isso, ele impediu que o número de vítimas aumentasse. A primeira coisa que pensou foi procurar por qualquer coisa que ajudasse no combate ao incêndio.
[SAIBAMAIS]
;Procurei por extintores, mas não achei nada por perto;, disse o pedreiro, que lamentou o fato de que a escola não tivesse nenhum sistema de prevenção contra fogo. Ele também destacou que as grades das janelas impediram a saída das crianças e um socorro ainda mais rápido.

Joaquim Barbosa também lembrou que o prédio só tinha uma porta de saída. ;Já fiz curso e treinamento contra incêndio e sei que essa situação estava totalmente errada;, afirmou. Já Arley ressaltou o impacto da cena aterrorizante em sua cabeça.
Ele contou que é pai de três filhos e que continua em estado de choque por causa da situação que presenciou. ;A imagem que sempre fica na minha cabeça a todo momento é daquelas crianças pedindo socorro. Até quando vou dormir.
Realmente fiquei muito chocado;, disse ele, acrescentando que está tendo dificuldade até para trabalhar. Ao relembrar os momentos da tragédia, Arley disse ainda que chegou a usar um balde para tentar apagar o fogo e não conseguiu. ;A gente até arrancou as torneiras para liberar água, mas mesmo assim não conseguimos evitar o incêndio.;

Apesar de todo o trabalho e esforço na tentativa de salvar as crianças, o pedreiro disse que não se sente um herói. ;Para mim, guerreiras mesmo foram as professoras. Elas poderiam até ter fugido do local, mas ficaram lá tentando retirar as crianças;, disse Arley, citando a bravura da professora Helley. ;Vi as professoras voltando para as salas onde estavam as crianças. Isso deixou meu coração muito comovido;, contou.
Para Arley, as condições do prédio com o teto de PVC e alguns materiais usados pelas crianças, como os colchões, ajudaram a propagar as chamas e dificultaram o combate ao fogo. Arley também se lembrou de que viu Damião jogar combustível próximo da porta de saída da sala, o que evitou que as crianças e as professoras deixassem o local. O pedreiro também se recordou de o vigia ter abraçado as crianças. O fato de ver corpos feridos pela ação do fogo deixou o trabalhador chocado.
Os pedreiros Joaquim Barbosa da Silva e Arley Teixeira Alves tiveram apoio um do outro no resgate aos pequenos


LUTO

O sentimento de luto que se espalhou pela cidade de Janaúba afetou o comércio da cidade ontem. Algumas lojas da cidade do Norte de Minas não abriram as portas como forma de manifestar o pesar em relação ao massacre dentro da creche. Vários estabelecimentos exibiram cartazes com a palavra luto.

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