Cidades

Professora reitera à polícia que só apartou briga e não agrediu aluno

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postado em 01/11/2008 08:10
Depoimentos contraditórios e, até agora, pouco esclarecedores. Após ouvir oito pessoas, a polícia decidiu pedir ajuda à equipe de psicólogos da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) para extrair dos meninos o que realmente ocorreu na manhã da última terça-feira, na Escola Classe 56, no Setor O de Ceilândia. Pelo menos três alunos, entre eles o garotinho que, segundo a mãe, teria sido segurado pela professora Elizabeth Barros para que os coleguinhas batessem em seu rosto, devem passar pela avaliação. De acordo com o delegado-chefe da 24ª Delegacia de Polícia (Setor O), Vivaldo Neres, das oito pessoas ouvidas até agora, apenas a mãe do menino ; suposta vítima de agressão ; , a servidora Rejane Vieira Urani, 36 anos, e a filha dela, uma adolescente de 17, acusaram a professora de ter segurado o garoto com os braços para trás e incitado os coleguinhas a baterem nele como forma de punição. O motivo da medida seria porque ele tinha agredido outros alunos. Já foram ouvidos uma mãe e dois pais de alunos, a diretora e a supervisora pedagógica da escola, além de Elizabeth, da mãe e a irmã da suposta vítima de agressão. Na tarde de ontem, a professora prestou depoimento por duas horas e meia. Ela saiu pela porta dos fundos da delegacia sem falar com a imprensa. À polícia, ela reafirmou o que disse ao Correio na quinta-feira: que segurou o menino com os braços para trás para apartar a briga. Nesse momento, ele teria se debatido com as pernas e acabou acertando coleguinhas, que revidaram as agressões. ;Ele brigava com as meninas e logo outros alunos entraram na briga. Ele estava de costas para a porta. Era o que estava mais perto de mim, o mais alto e forte da turma. Eu segurei os dois braços dele para trás e o puxei para tirá-lo da confusão;, detalhou Elizabeth Barros, em entrevista ao Correio. A mãe e a irmã do garotinho chegaram para depor às 17h. Só deixaram a delegacia três horas depois. Elas afirmaram ter ouvido da professora a confissão de que teria segurado o menino para que um coleguinha agredido descontasse com um tapa no braço. A conversa teria ocorrido na manhã de quarta, na presença da diretora e da supervisora. Ela disse que confirmaria aos policiais o que ouviu do filho. ;Ele contou que brigou com os colegas e pediu desculpas, mas eles não aceitaram. Aí a professora o chamou, o segurou com as duas mãos para trás e mandou que os meninos batessem.; Cautela A delegada adjunta Tânia Maria Dias assegurou que nem a diretora e nem a supervisora mencionaram tal diálogo quando estiveram na delegacia. ;Dois dos três pais ouvidos disseram ter ouvido dos filhos uma história parecida com a contada pela direção da escola e pela professora: que o aluno batia nos coleguinhas e que a professora o segurou para que ele parasse;, esclareceu Tânia Dias. ;A gente trabalha com a versão da mãe e da professora. Mas não está descartada a possibilidade de as crianças terem fantasiado;, acrescentou. O último depoimento do dia foi o do pedreiro Welinton Jesus Ferreira, 32. Foi por meio dele que a servidora soube da suposta agressão. À polícia, ele disse que o filho apontou para a criança e disse que a professora tinha segurado ele com os braços para trás e os meninos bateram nele. Ao falar com os jornalistas, Welinton não confirmou que o filho tenha afirmado que a professora mandou os amiguinhos baterem. Mas, assim como Rejane, ele sustenta ter ouvido a confissão da professora durante reunião com a diretora. Para o delegado Vivaldo Neres, o caso deve ser avaliado com cautela. Para ele, não há dúvida de que ocorreu algo fora da rotina. ;Crianças com essa idade não costumam contar aos pais o que é corriqueiro. Resta a nós apurar o que realmente houve;, disse. Ouça o que Tânia Maria Dias, delegada-adjunta da 24ª DP, fala sobre os desdobramentos do caso da professora acusada de segurar um menino de 5 anos enquanto os colegas batiam nele em uma escola na Ceilândia. Nenhum outro pai confirmou o episódio.

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