Cidades

Galinho sai nesta segunda com o bloco da PM





postado em 23/02/2009 08:29
O Galinho de Brasília desfila pela 17ª vez, sob o fantasma do embate entre foliões e policiais no ano passado. A multidão, no sábado, pulou o carnaval na paz, sob o olhar atento de 240 policiais militares. A ação, entretanto, incomodou parte dos foliões, que acham que repressão não combina com uma festa democrática. Tentando não criar mais polêmica, o bloco ganha hoje mais uma vez as ruas da Asa Sul, com concentração em frente ao Banco Central à partir das 15h e fim do percurso no Gran Folia, ao lado da Biblioteca Nacional. A adesão do público à folia hoje ainda é incerto. Sábado, foram cinco mil pessoas no auge, segundo informações da Polícia Militar. Na contabilidade dos organizadores do bloco, no entanto, 20 mil foliões correram atrás do tradicional trenzinho. ;Nos pareceu que estava bem mais cheio do que essa estimativa;, argumenta Romildo de Carvalho, um dos diretores do Galinho. ;Mas segunda (hoje) tradicionalmente é o dia mais cheio. Peço aos foliões que mais gente vá fantasiada nesse segundo dia, porque isso dá o tom da alegria do Galinho;, completou. E alegria foi a palavra de ordem desde o início da concentração do bloco, no Eixo Monumental. Até representantes da resistência da população à concentração do bloco na entrequadra 203/204 Sul aproveitaram, como o prefeito da 204, Arthur Benevides. ;Correu tudo bem, dentro do planejado. Tenho que parabenizar autoridades, foliões e organização do Galinho pelo sucesso;, festejou o morador, que reclamou, porém, de cerca de 300 pessoas que seguiram para a comercial antes do bloco. ;Houve concentração lá, ainda que menor. É algo que estava proibido no Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que firmamos;, observa. O principal ponto desse TAC, no entanto, foi cumprido à risca: a obrigação de o bloco permanecer no máximo uma hora na entrequadra. O trem da orquestra passou às 19h35 por uma linha colocada na marquise dos dois primeiros blocos do comércio e o último caminhão de som atravessou a linha do outro lado às 20h21. As pessoas, no entanto, não foram tão pontuais e a pressão da polícia irritou muita gente. ;Não está natural a festa. A rua cheia de cones, de policiais, deixa todo mundo meio tenso;, comentou a estudante Renata Noronha, 25 anos. Não havia carros estacionados na quadra e muitas lojas fecharam ; algumas colocaram até tapumes de madeira nas vitrines. Banheiro Como não havia banheiro público no local, centenas de foliões se refugiram nos becos atrás da comercial ; e de frente para os blocos residenciais ; para procurar alívio. ;Estou vendo aqui pela janela o espetáculo do mijatório público;, atacou a professora Claúdia Castro, moradora do bloco B da 204. ;Mas não posso dizer que não está melhor do que já foi;, ponderou. Um batalhão de garis, um caminhão dos bombeiros e 11 viaturas da PM foram atrás do bloco, ;empurrando; os foliões no circuito. Na 203/204 isso causou algum desconforto pouco depois das 20h30. A revolta gerou discussões, na maioria dos casos embaladas pelo álcool, entre cidadãos e policiais. ;Estão empurrando as pessoas, fechando os bares antes da hora. Nem na época da ditadura acontecia isso;, bradou o servidor Jecir Carvalho, 52. ;Mandaram embora o bloco e ficou só o bonde do gás lacrimogêneo;, completou dirigindo-se aos policiais. Eles, aliás, mantiveram a calma e argumentaram com a população de que aquilo havia sido combinado e que era importante para a segurança pública. PMs tentaram acalmar os mais exaltados, como o jornalista Marcos Carnevale, 47, que lembrou a batalha de 2008. ;Parece até desfile de 7 de setembro e não de carnaval de tanto soldado aqui;, reclamou ele. As cenas foram acompanhadas até pelo comandante da PMDF, Antônio José de Oliveira Cerqueira, que, de folga e de tênis e calça moleton, ajudou a organizar os pedestres para a liberação do trânsito. Segundo a polícia, o TAC foi devidamente cumprido.

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