Cidades

Sem contraproposta de reajuste, pediatras devem parar na quarta-feira

Helena Mader
postado em 11/07/2009 08:26
Os brasilienses que dependem do plano de saúde para levar os filhos a consultas pediátricas podem preparar o bolso. A quatro dias do prazo estabelecido pelos médicos para que as operadoras dos convênios apresentassem uma proposta de reajuste, as possibilidades de acordo são mínimas. Os profissionais organizam como será feito o boicote e muitos já solicitaram o desligamento dos planos. A lista de médicos credenciados vem minguando nos últimos meses. Dos 1,6 mil pediatras do Distrito Federal, apenas 100 trabalham hoje nos hospitais particulares, por meio de convênio. Se a decisão pelo boicote generalizado for unânime, os pais terão que pagar pelo atendimento ou levar as crianças aos hospitais públicos. Na semana que vem, os profissionais da especialidade vão se reunir em assembleia para decidir o que será feito. Mas eles não têm boas perspectivas quanto à possibilidade de consenso. Há três meses, os médicos mandaram documentos às empresas para apresentar as exigências da categoria mas, até hoje, somente a Bradesco Saúde fez reunião com representantes da Sociedade Brasileira de Pediatria. Ainda assim, a empresa não chegou a apresentar uma contraproposta. [SAIBAMAIS]Se os pediatras decidirem pelo boicote no próximo dia 15, a população não ficará imediatamente descoberta pelos serviços. Isso porque os médicos precisam respeitar um prazo de carência, uma espécie de aviso prévio. O descredenciamento definitivo leva, pelo menos, dois meses. Isso significa que, até o início de setembro, ainda será possível fazer consultas por meio de planos de saúde. Valores A grande reivindicação dos pediatras é o aumento do valor repassado por consulta. Hoje, eles recebem de R$ 24 a R$ 40 em cada atendimento feito no consultório ou nos hospitais. Os profissionais querem que os novos valores sejam de R$ 90 para os serviços prestados em pronto-socorro dos hospitais particulares e R$ 120, para os atendimentos em consultório. O pediatra José Marco Andrade, um dos médicos à frente do movimento, conta que a ideia é rescindir os contratos de forma escalonada, cancelando primeiro os acordos com as empresas que pagam menos aos profissionais. Os planos que por ventura abrirem um canal de negociação, como o Bradesco, podem ficar de fora do boicote inicialmente. "O movimento está muito homogêneo, na paralisação do dia 1º tivemos a adesão de praticamente todos os pediatras", destaca Andrade. Ele conta que, além dos baixos valores, eles ainda demoram até 60 dias para receber pela consulta. Muitas vezes, são feitas glosas nos pagamentos, ou seja, algumas faturas são recusadas parcial ou totalmente. "Estamos insistindo nas negociações por consideração à população já que, para os médicos, hoje é muito mais vantajoso não aceitar nenhum plano de saúde. Mas sabemos que muitas pessoas, principalmente aquelas que têm convênios empresariais, não podem arcar com os custos das consultas e terão que recorrer à rede pública", finaliza Andrade. O presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria no DF, Dennis Alexander Burns, conta que a resistência das empresas em negociar deixou os médicos mais unidos. "Há muito tempo os pediatras começaram a pedir o cancelamento dos contratos com planos de saúde por conta da insatisfação diante da baixa remuneração. Mas, agora, isso será feito de forma conjunta, se não houver avanços na negociação até o dia 15", ressalta Dennis. As exigências dos pediatras: - Pagamento de R$ 90 pelas consultas em pronto-socorro de hospitais - Repasse de R$ 120 em cada atendimento feito nos consultórios - Pagamento pelas consultas de retorno - Remuneração pelas visitas extras a pacientes internados

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