Cidades

Mutirão no HBDF atende portadores de parkinson

postado em 19/10/2009 10:00

Uma doença degenerativa do sistema nervoso central com caráter crônico e progressivo, o Parkinson atinge cerca de 1% da população mundial com mais de 65 anos, segundo levantamento da Organização Mundial de Saúde (OMS). O Ministério da Saúde estima em 200 mil o número de brasileiros portadores da doença. O tratamento precoce pode retardar a evolução da doença e melhorar os sintomas.

Com o objetivo de conscientizar sobre a prevenção, o diagnóstico e o tratamento da doença, a Associação do Parkinson de Brasília e o Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), realizam, nesta segunda-feira (19/10), um mutirão. A intenção é atender aqueles que não conseguem marcar consultas.

Segundo o Chefe da neurologia do HBDF, Nasser Allam, não é necessário fazer marcação. ;As pessoas podem se dirigir diretamente ao consultório (veja serviço abaixo). Vamos tentar atender todo mundo que vier. Se não der, faremos outro mutirão na data mais próxima possível;.

Atendimento
O Hospital de Base é o único centro de referência no tratamento da doença no DF. ;Qualquer neurologista, teoricamente, tem condições de tratar pacientes com doença de Parkinson na fase inicial. Nas fases avançadas fica difícil para um não especialista;.

Atualmente, há 600 pessoas em tratamento. A maioria, segundo Allam, são pessoas que já vem sendo acompanhadas há anos.

Convivência
O coronel Carlos Aníbal Pyles Patto, presidente da Associação de Parkinson de Brasília, convive com a doença há 19 anos. ;Em dezembro vai fazer 20 anos que descobri e comecei a tratar;. Ele conta que os sintomas apareceram de forma muito sutil. ;Mas tive vários indícios. Quando a escrita começou a ficar muito lenta, resolvi procurar ajuda;. Segundo ele, o mais difícil é aprender a aceitar a doença. ;Geralmente o paciente de Parkinson passa por quatro fases: a negação, a raiva, a depressão e a aceitação. Eu graças a Deus, já consegui aceitar;.

Carlos afirma nunca ter sofrido preconceito por conta da doença. ;Teve uma época que tive que andar de bengala porque estava caindo e muitas vezes, ao atravessar a rua, os motoristas paravam para ajudar. Era comum também chegar ao banco e o pessoal da fila dos idosos me chamar para passar na frente;.

O paciente afirma não ter problema graves de locomoção. ;Acabei de voltar de Portugal e andei muito por lá;. Carlos atribui isso ao cuidado e à disciplina no tratamento. ;Tenho um programa de exercícios que eu mesmo elaborei. Também cuido da alimentação;.

Para as pessoas que possuem os sintomas ou para quem já teve um diagnóstico confirmando, o coronel diz que o caminho mais fácil é aceitar e iniciar o mais breve possível o tratamento. ;Fiquem atentos para sintomas de depressão e qualquer dificuldade de mobilidade. Busquem ajuda. A vida continua;.

Serviço

Local: Ambulatório de neurologia, localizado no setor de ortopedia do HBDF, ao lado do posto do BRB
Horário: 9h às 17h

Para saber mais

A doença
A causa central do Parkinson é a diminuição na produção de um neurotransmissor chamado de dopamina, presente em vias nervosas que estão relacionadas aos movimentos, postura e ao tônus muscular. De acordo com Nasser Allam, ainda não se sabe o que provoca essa perda. ;Supõem-se que possa haver fatores genéticos associados a ambientais, como inseticidas, por exemplo. Mas há também, fatores protetores. Pessoas que fumam, por exemplo, não costuma ter a doença;.

Tratamento
A forma mais comum de tratar a doença é por meio de medicamento que minimizam a perda da dopamina. Os remédios são fornecidos, gratuitamente, na rede pública de saúde. No entanto, aliado ao uso deles, há tratamentos alternativos que, segundo o neurologista Allam, funcionam muito bem.

O médico destaca atividades físicas, principalmente as que envolvam ritmo e postura. ;Pode ser dança, musico terapia, alongamento, pilates;. De acordo com especialista, o quadro psicológico do paciente, além de um fator de alerta, é essencial no tratamento. ;É importante dar suporte emocional, seja através da família ou por um psiquiatra ou terapeuta;.

Sintomas
;Nem tudo que treme é Parkinson;. Segundo Nasser Allam, o tremor é um dos principais sintomas da doença. No entanto, ele ocorre apenas em repouso, não quando se vai pegar algo. Além disso, uma característica que deve ser observada é a perda da velocidade dos movimentos de um lado do corpo. ;Se a pessoas tem uma lentidão dos dois lados, não é Parkinson. Agora se percebe dificuldades de manipular um objeto ou nota que o balanço do braço de um lado está mais lento que do outro, deve ir ao médico;.

Hora de procurar ajuda

Assim que percebidos os sintomas. ;Antigamente achava-se que se podia protelar o tratamento da doença. Mas hoje em dia sabemos que, quanto mais cedo tratar, melhor a vida lá na frente;.

Diagnóstico

A confirmação do Parkinson é feita, basicamente, pelos sintomas. ;Hoje há técnicas e exames sofisticados e caros, mas que não confirmam de forma definitiva a doença. Mas dão uma idéia de como estão os neurônios degenerados;, destaca o médico. Segundo ele, já no início da doença, quando os sintomas começam a surgir, há uma perda de cerca de 80% dos neurônios.

Complicações
Além da dificuldade de movimentação, o desenvolvimento do Parkinson, prejudica ainda o sistema nervoso autônomo, e portanto, prejudica o funcionamento do intestino, coração, bexiga, e de outros órgão com funcionamento involuntário. Além disso, uma outra consequência notada em pacientes é e perda de memória.


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