As denúncias deflagradas pela Operação Caixa de Pandora da Polícia Federal estimularam protestos que acontecem em todo o DF ao longo desta terça-feira (1/12). No início desta tarde, manifestantes do movimento Fora Arruda se reuniram na porta da residência oficial do governador, em Águas Claras. Eles carregavam vassouras para fazer uma limpeza simbólica da corrupção mostrada em vídeos divulgados desde sábado (28/11). No entanto, as pessoas presentes puderam apenas gritar palavras de ordem, pois cerca de 20 policiais militares isolaram o local, impedindo a "vassourada", como a manifestação foi intitulada.
Organizado pelo Movimento de Unificação da Juventude, o protesto "Fora Arruda", que pede a saída imediata do governador do DF, José Roberto Arruda (DEM), recebeu o apoio de militantes do PSO, Juventude PDT, movimento Ficha Limpa e dos Diretórios Cetrais de Estudantes (DCE) da Universidade de Brasília (UnB), do Centro Universitário de Brasília (UniCeub) e da Universidade Católica de Brasília (UCB).
"É a volta do movimento estudantil pedindo que Arruda deixe imediatamente o governo. Queremos também a investigação de todos os parlamentares e secretários envolvidos no esquema", disse Émerson Palmiére, um dos coordenadores do movimento.
Levy Brandão, outro coordenador do grupo, acredita que o protesto marcado para as 14h desta quarta-feira (2) em frente à Câmara Legislativa terá maior adesão, pois não haverá intervenção da polícia. A expectativa era de que a "vassourada" recebesse 200 pessoas, mas contou com a participação de cerca de 100 manifestantes.
Pela manhã, estudantes ligados à União da Juventude Socialista (UJS) lavaram a porta da Câmara Legislativa do DF, e ofereceram panetones em cada um dos gabinetes da Casa. Eles também colocaram uma meia cheia de dinheiro na porta do gabinete do deputado distrital Leonardo Prudente (DEM), em referência às imagens onde o político aparece recebendo propina de Durval Barbosa, ex-secretário de Relações Institucionais, pivô do escândalo.
Já a vendedora ambulante Kely Cristina Rego dos Santos passou a noite na porta da residência oficial. Em um protesto solitário, ela montou uma tenda para distribuir panetones. Mas logo pela amanhã foi retirada por seguranças. Eles alegaram que ela não tinha autorização para permanecer no local.
Na Universidade de Brasília, a assembleia de servidores desta manhã, marcada para discutir o corte da Unidade de Referência de Preços (URP) dos salários, também teve espaço para protesto contra os envolvidos nas denúnicas de corrupção. Em uma mesa, foram colocados panetones com os nomes do governador, do vice e de deputados e secretários que são citados no inquérito da Polícia Federal.
Protesto com arte
À tarde, por volta das 17h, a Rodoviária do Plano Piloto, no centro de Brasília, será palco de um protesto criativo. Cerca de 30 artistas, vestidos de palhaços e usando pernas-de-pau, prometem fazer muito barulho para chamar a atenção de quem passar por lá. O objetivo, segundo Mateus Guimarães, coordenador do Centro Universitário de Cultura e Arte (Cuca) da União Nacional dos Estudantes (UNE), é envolver a população de uma forma lúdica. "É importante o cidadão tomar uma posição, independente de qual for. Temos que participar desse processo para fortalecer a democracia no país", disse.
A manifestação é encabeçada pelo Fórum de Cultura do DF e Entorno, do qual o Cuca faz parte. A entidade convida a população a participar do evento. "Vá, leve um chapéu, um nariz de palhaço, um apito, um pandeiro, o que puder para a gente conseguir fazer uma manifestação bacana, com arte, com a cara da diversidade cultural de Brasília", conclamou Mateus. A concentração está marcada para as 16h, na Praça do Museu da República.