Cidades

Dificuldade para obter o passe livre

Estudantes sofrem para conseguir o bilhete eletrônico que garante gratuidade no transporte coletivo. Filas imensas e tumulto na maioria dos postos de cadastramento da empresa Fácil

postado em 12/02/2010 09:02
Os postos de atendimento da empresa Fácil, responsável pela bilhetagem eletrônica do sistema de transportes do Distrito Federal, continuaram lotados durante o dia de ontem. O cadastramento e o recadastramento de usuários estavam disponíveis desde 18 de janeiro, mas como a inserção de créditos só foi liberada na última terça-feira, as cinco unidades ; no Setor Comercial Sul, em Taguatinga Centro, na quadra central de Sobradinho, no Terminal Rodoviário Central do Gama e no Conic, no Setor de Diversões Sul ; passaram a ser invadidas por uma multidão.

Segundo o governo e a empresa responsável pelo serviço, enquanto todos deixarem o cadastramento para a última hora, será impossível evitar as filas. ;O volume de pessoas que poderia ter se recadastrado é grande. Se existissem 50 postos em Brasília hoje, haveria fila em todos eles;, afirmou o diretor do DFTrans, Paulo Munhoz. Para acelerar o atendimento e reduzir a procura, o procedimento também pode ser feito no site da empresa, www.facildf.com.br. Para diminuir o sofrimento dos estudantes, a empresa fará plantão especial durante o carnaval. Todas as agências funcionarão em horário normal, de 8h às 17h, na segunda e na quarta-feira de cinzas. Não haverá atendimento durante o fim de semana e na terça-feira.

Espera
O movimento era intenso na entrada do posto localizado no Setor Comercial Sul. Adolescentes aguardavam sentados debaixo da marquise durante horas. O corredor de entrada do prédio que abriga a agência estava tomado por duas filas sinuosas, uma para a recarga e a outra para cadastro e recadastro de alunos. Em vão, os funcionários tentavam organizar a balbúrdia. Os documentos exigidos no processo serviam de abano para aliviar o calor. A estudante universitária Beatriz Larchê, 19 anos, chegou ao Setor Comercial Sul por volta de 13h30. Duas horas depois, ainda havia 100 pessoas em sua frente. ;Todos vêm no mesmo dia porque agora é de graça. Antes tínhamos que pagar um terço da passagem;, acredita.

Não era só a fila para abrir o processo ou atualizar os dados que assustava. A espera pela recarga também exigia grande dose de paciência. ;Não é preciso entregar documentos, o processo é rápido. Essa fila deveria ser mais rápida;, protestava o estudante Audelino Ferreira, 18 anos. De acordo com Paulo Munhoz, a expectativa é de que, a partir de março, a recarga do cartão possa ser feita dentro dos ônibus, sistema aplicado para o vale-transporte e o cartão do cidadão. Antes disso, o DFTrans faz uma varredura no cadastro para descobrir e eliminar fraudes e irregularidades. A Secretaria de Educação passará a fornecer o relatório de controle de presença dos beneficiários diretamente ao órgão, sem que os alunos tenham que apresentar a comprovação mensalmente.

Na unidade do Conic, o tempo de espera era menor. Havia espaço para que todos aguardassem sentados. Keila Brito, 17 anos, foi ao local para retirar seu primeiro cartão de passe livre. Esperou cerca de 15 minutos para ser atendida. ;Vou testar agora se os créditos entraram mesmo;, afirmou. Vitor Ximenes não teve a mesma sorte. Esperou por cerca de uma hora para receber o benefício. ;Quando fui fazer o pedido, no Setor Comercial Sul, demorou mais de duas horas;, contou. No meio da tarde, o painel da agência do Conic mostrava que 622 estudantes tinham sido atendidos. Até a última quarta-feira, cerca de 45 mil estudantes fizeram o cadastro e o recadastro. Desse total, 75% das inscrições e atualizações foram pela internet.

O que diz a Lei
A Lei n; 4.462, que trata do passe livre-estudantil, foi sancionada pelo governador José Roberto Arruda em janeiro deste ano. Ela assegura que estudantes dos ensinos superior, médio, fundamental e de cursos técnicos e profissionalizantes reconhecidos pelo Ministério ou pela Secretaria de Educação com carga igual ou superior a duzentas horas aula tenham gratuidade nas linhas de serviço básico de transporte público. A gratuidade vale para ônibus, micro-ônibus, metrô e veículo leve sobre trilhos ou pneus. Os estudantes precisam morar ou trabalhar a mais de um quilômetro de distância da instituição de ensino. Cada cartão recebe carga de, no máximo, 54 viagens, de acordo com a necessidade do beneficiário.

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