; Leilane Menezes
; Fernanda Lobo
; Thaís Paranhos
Neste Sábado de Aleluia (3/4), o dia é de malhar Judas Iscariotes, o apóstolo que, por 30 moedas, entregou Jesus Cristo aos soldados romanos. Dois milênios depois, a brincadeira de espancar um boneco simbolizando o traidor virou tradição. No DF, a figura de Judas é apenas um pretexto para a diversão das crianças e o protesto bem humorado de adultos. Este ano, o alvo da Malhação de Judas em Taguatinga e na Vila Planalto foi a atual situação política do DF.
Por volta das 11h, em Taguatinga Sul, os moradores escolheram personalidades como Joaquim Roriz, Maria Abadia, Gim Argelo e o ex-governador José Roberto Arruda para representar Judas. O boneco, vestido de terno e com cabeça de tampa de privada, tinha a foto de todos eles e foi amarrado em um poste. Um cartaz trazia a justificativa da escolha de tais personalidades para serem destroçadas em público. Segundo os organizadores do evento, os nomes foram escolhidos pois representam os "traídores da população".
Na Vila Planalto, o ato, que dura 47 anos, começou com uma queima de fogos por volta das 10h. Em seguida, o boneco, feito de capim, espuma e ferro, desceu do alto do poste da praça Zé Ramalho e foi atacado por cerca de vinte crianças, munidas de pedaços de paus e pedras. Os restos do Judas foram queimados em uma caixa de papelão intitulada de "Caixa de Pandora".
"Meu pai que trouxe essa tradição do Ceará para a Vila Planalto. É uma forma de espantar a solidão e matar a saudade", conta Leiliane Cristina Rebolsas, uma das organizadoras da brincadera. Sobre o significado do protesto, Leiliane preferiu não citar nomes. Disse apenas que o Judas representa a figura do político corrupto.
[SAIBAMAIS]