Cidades

Jovens moravam ou trabalhavam perto do assassino confesso

Policiais acharam no quarto dele bicicletas das vítimas e jornal da época da primeira prisão, que seriam guardados como um "troféu"

postado em 14/04/2010 08:46
Policiais acharam no quarto dele bicicletas das vítimas e jornal da época da primeira prisão, que seriam guardados como um Quando assistia aos noticiários, ele comentou: ;Eita! Se pegam o cara que desapareceu com esses jovens, ele está enrolado;. A frase teria sido dita pelo pedreiro Adimar Jesus da Silva a um sobrinho, duas semanas antes de ser descoberto pela polícia. Por 101 dias, as mães procuraram incansavelmente seus meninos. O que elas não imaginavam era que o perigo morasse tão perto de suas casas. Adimar ocupava um barraco de madeira na Rua 29 do Parque Estrela Dalva 4. A primeira vítima, Diego Alves Rodrigues, 13 anos, morava no mesmo bairro, a 300 metros da casa do pedreiro.

;A gente imaginava que uma quadrilha tivesse raptado os meninos para longe. Jamais passou pela minha cabeça que o criminoso estaria tão perto de nós;, disse a irmã de Diego, a dona de casa Gláucia Gomes de Souza, 24 anos. A reportagem do Correio marcou de carro a distância entre a casa do acusado até a residência dos rapazes, local de trabalho ou pontos que os meninos gostavam de frequentar. Paulo Victor Vieira, 16 anos, era o que morava e trabalhava mais distante do assassino confesso (veja arte). Residia no Setor Fumal, no centro de Luziânia, e trabalhava na Avenida Alfredo Nasser, em uma lanchonete ao lado do hospital regional da cidade. Desse ponto, em linha reta, são 2km até a casa de Adimar, que agora está vazia. Se percorrido de bicicleta, o caminho pode ser feito em 15 minutos. Entretanto, Paulo Victor foi visto pela última vez pagando uma conta de luz no Parque Estrela Dalva 7, bairro ainda mais próximo da residência do acusado.

Márcio Luiz de Souza Lopes, 19 anos, foi o último a sumir, em 22 de janeiro. O jovem morava na Rua 20 do Parque Estrela Dalva 4, distante 700 metros do pedreiro. ;Para mim, ele sabia quem eram os parentes e onde cada menino morava;, acredita a irmã de Márcio, a dona de casa Lúcia Maria Souza Lopes, 25 anos.

Nem mesmo o desespero das mães comoveu o suposto assassino, que passeava pelo bairro com tranquilidade. O pai de Márcio, o vigilante José Luiz da Silva Lopes, 50 anos, disse que chegou a consumir bebida alcoólica com o pedreiro, semanas antes da prisão dele. A dona de casa Sirlene Gomes da Silva, mãe de George dos Santos, 17 anos, chegou a pedir ao pedreiro informação de onde poderia encontrar aluguel no Parque Estrela Dalva 4. George desapareceu quando foi visitar a namorada, que mora no mesmo bairro do acusado. ;Da casa dela até a do pedreiro dá menos de cinco minutos a pé;, afirmou a mãe da vítima.

A casa onde o acusado morava com familiares está vazia: policiais, vez ou outra, passam pelo local para evitar depredaçõesLembranças
Sirlene disse que, na noite passada, começou a se lembrar dos acontecimentos que antecederam o desaparecimento do filho. ;Está caindo a ficha agora. Por alguns dias seguidos, uma pessoa costumava se embrenhar no mato e a gente não via ela sair. Só pode ser ele (o pedreiro) que estava de olho nos meus filhos;, ressaltou. A polícia descarta a possibilidade de Adimar conhecer as vítimas, mas investiga se ele procurou mapear os horários e se informar quanto à rotina dos jovens antes de agir. ;Pode ser que ele tenha observado os meninos antes de abordá-los, mas será preciso interrogá-lo novamente;, ressaltou o delegado José Luiz Martins de Araújo.

No quarto de Adimar, a polícia encontrou, além das duas bicicletas utilizadas pelas vítimas, um jornal antigo, da época em que foi preso pelo crime de pedofilia, há quatro anos. O título do semanário dizia ;Papa anjo cai nas garras da polícia;. Para o delegado, tanto as bicicletas como o jornal estavam guardados como uma espécie de ;troféu; para o pedreiro. Um novo interrogatório poderá ocorrer nos próximos dias a fim de esclarecer a dinâmica dos assassinatos. Será analisada a necessidade de uma reconstituição do crime.

Serviço na borracharia

Quando viu Adimar na TV, o borracheiro Edgar de Souza, 34 anos, lembrou-se do dia em que fez um serviço para ele, no fim de janeiro. Tão logo abriu a borracharia, no Parque Estrela Dalva 3, Edgar o viu chegar empurrando uma bicicleta prateada. Estava com o pneu dianteiro murcho e problemas no guidão. Adimar ouviu que o serviço ficaria pronto no mesmo dia. Mas só voltou uma semana depois.

A Monark com aros em espiral foi uma das que a polícia apreendeu na casa de Adimar e, segundo os investigadores, pertence a Flávio Augusto dos Santos, 14 anos. O jovem desapareceu quando foi levar uma bicicleta para o conserto na manhã de 18 de janeiro, no Parque Estrela Dalva 7. A polícia nunca foi ao local de trabalho do borracheiro.

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