Cidades

Embarcação naufragada passa por perícia

Lancha deve ser retirada do fundo do Paranoá na manhã de hoje. Polícia Civil já começou a trabalhar para identificar as causas do naufrágio na madrugada de sábado. Buscas pelas irmãs continuam

Naira Trindade, Luiz Calcagno
postado em 25/05/2010 07:51

Os dois peritos da Polícia Civil mergulharam a 25 metros de profundidade, em frente à QL 15 do Lago Norte, onde a embarcação foi localizada na tarde de ontemMergulhadores do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal localizaram, por volta das 14h de ontem, a lancha que naufragou na madrugada do último sábado com 11 pessoas. Uma equipe da Companhia de Salvamento Aquático da corporação encontrou a embarcação, batizada de Front Rool, a 25 metros de profundidade do Lago Paranoá, em frente à QL 15 do lago, a 1km de distância de cada uma das margens, no ponto onde teria ocorrido o acidente. Ao todo, 15 duplas dos bombeiros trabalharam das 6h às 19h em busca da embarcação e das duas irmãs desaparecidas. A lancha, no entanto, só deverá ser içada hoje.

[SAIBAMAIS]Foram 58 horas de procura até encontrar a embarcação. Com o aparecimento da lancha, as buscas pelas irmãs (Liliane, 18 anos, e Juliana Queiroz de Lira, 21) devem se restringir a um raio de 100 metros do ponto onde os bombeiros encontraram o barco. Uma boia marcou o local. O comandante de Operações do Corpo de Bombeiros, coronel Rogério Soares, disse que a prioridade dos mergulhadores são as vítimas. ;Acreditamos que elas estejam próximas da lancha. É questão de honra encontrar as pessoas desaparecidas;, afirmou.

O Correio acompanhou as buscas dos mergulhadores da companhia de resgate dos bombeiros. Sob o comando do marinheiro Romildo Gonçalves Rocha, 35 anos, 10 deles como profissional de navegação, a equipe da reportagem assistiu o momento exato em que os bombeiros encontraram a lancha no fundo do Lago Paranoá. Para os bombeiros, a localização do barco a motor é a chance de dar uma resposta mais rápida para aos familiares das vítimas.

Antes de achar a lancha, grupos com dois nadadores e dois mergulhadores tinham procurado por quatro quadrantes divididos pelo Corpo de Bombeiros. A visibilidade era ruim. ;Batemos na popa da lancha e demos sinal pela corda aos bombeiros que estavam em cima;, contou o sargento Danilo Brites, que encontrou a embarcação ao mergulhar com o cabo Vilson Coutrim. Os bombeiros fizeram imagens da embarcação no fundo do lago.

Os dois sonares (dispositivos de detecção, escuta e comunicação submarina por radar), que vieram emprestados da Universidade de Brasília (UnB) e do Rio de Janeiro, nem chegaram a ser utilizados para detectar o local do naufrágio.

PeríciaPoliciais civis no lago: eles estão dando apoio ao trabalho de investigação do acidente
Dois mergulhadores da Polícia Civil(1) trabalharam na perícia, das 16h às 18h30. De acordo com o diretor do Instituto de Criminalística, Celso Nenevê, agentes iniciaram as investigações dentro do lago, para garantir uma maior precisão do que aconteceu na madrugada de sábado. ;Muitas das respostas do naufrágio estão no barco. É preciso saber de quem foi a responsabilidade, se houve negligência, se foi doloso ou culposo;, explicou.

O trabalho impossibilitou que o Corpo de Bombeiros retirasse a lancha do fundo do lago. Segundo o coronel Rogério Soares, o resgate da embarcação deve durar cerca de 2h e precisa ser feito em um horário de maior claridade. A expectativa é que ela seja retirada até as 10h de hoje. As buscas pelas irmãs prosseguiram durante toda a noite. Pelo menos seis mergulhadores percorreram a superfície do Paranoá.

O comandante da Marinha, Rogério Leite, disse ontem que ;a fiscalização do lago é satisfatória;. Segundo ele, são 300 embarcações por fim de semana e uma média de dois acidentes por ano. ;Nenhuma fiscalização é onipresente. Vamos unificar o atendimento com o Corpo de Bombeiros. Estudamos implantar uma forma de o 190 repassar denúncias também à Marinha. Temos gente o suficiente para fiscalizar o lago e fazemos isso todo final de semana;, disse.

1 - Especialistas
O Instituto de Criminalística da Polícia Civil do DF é o único no Brasil que conta com mergulhadores para realizar esse tipo de investigação. No caso do Front Rool, foi realizada uma perícia no local, mas a embarcação será periciada novamente, após resgatada. Seis mergulhadores da PCDF filmaram e fotografaram o local onde a lancha afundou.

O que diz a lei
A Lei Federal n; 11.705, a lei seca, entrou em vigor em 20 de junho de 2008. A legislação fixou tolerância zero à combinação álcool e volante e tornou mais rígidas as punições para os infratores. O motorista flagrado com até 0,29 miligrama de álcool por litro de ar expelido dos pulmões é punido com multa de R$ 957 e responde a processo administrativo de suspensão da carteira por um ano. Quem é pego com índice igual ou superior a 0,30 miligrama de álcool por litro de ar, paga a multa, responde ao processo de suspensão da CNH e é preso. Neste caso, só é liberado após pagamento de fiança que varia de R$ 600 a R$ 2 mil e responde pelo crime de dirigir alcoolizado. Na Justiça, quem é réu primário pode fazer acordo para ter o processo suspenso por dois anos, desde que cumpra as exigências do juiz. Geralmente, a pessoa é obrigada a pagar cestas básicas e a prestar serviço em hospitais.

Confira videorreportagem sobre o acidente e também sobre a lancha encontrada no fundo do Lago Paranoá

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