Cidades

MPDFT está sob novo comando

Sem a presença de políticos, a troca da chefia do Ministério Público do Distrito Federal reuniu a cúpula do Poder Judiciário

Ana Maria Campos
postado em 05/08/2010 07:00
Foi uma posse prestigiada por muitas autoridades do Judiciário e poucos integrantes de partidos políticos. Vários desembargadores e ministros de tribunais superiores, entre os quais os presidentes do Supremo Tribunal Federal (STF), Cézar Peluso; e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Ricardo Lewandowski; acompanharam ontem a posse da nova procuradora-geral de Justiça do DF, Eunice Amorim Carvalhido. O advogado-geral da União, Luis Inácio Adams, representou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que assinou a nomeação de Eunice, a segunda colocada de uma lista tríplice eleita por promotores e procuradores de Justiça. Em seu discurso, a nova chefe do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) prometeu tolerância com as divergências, equilíbrio nas decisões e discrição na atuação.

Fez um discurso sem entrar em questões relacionadas à crise provocada pela Operação Caixa de Pandora, que deixou sob suspeição dois promotores, Deborah Guerner e o antecessor de Eunice, Leonardo Bandarra. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, chefe do Ministério Público da União (MPU), foi elegante, mas não deixou de se referir à fase difícil por que passaram os integrantes do MPDFT ao dizer que Eunice ;reúne todas as condições; para esse ;momento especial;. ;Ela tem todas as qualidades para superar um momento complexo da instituição;, afirmou o procurador-geral da República ao Correio, sem se ater a detalhes. Gurgel também elogiou a participação de dois promotores do Ministério Público ; Sérgio Bruno Fernandes e Eduardo Gazzinelli ; nas investigações da Operação Caixa de Pandora.

;Excelentes nomes;
Na disputa pela nomeação, Gurgel garantiu que não apoiou nenhum dos três integrantes da lista por considerar que os três eram ;excelentes nomes;. O primeiro colocado na escolha da classe, o presidente da Associação do Ministério Público, Carlos Alberto Cantarutti, foi preterido pelo presidente Lula, mas participou da solenidade e fez um pronunciamento desejando sucesso a Eunice. Cantarutti tratou do momento político do DF: ;A capital da República, que deveria refletir bons exemplos para o restante do país, para nossa tristeza, vem enfrentando sérios problemas de ordem gerencial e administrativa, carecendo de ações eficazes e efetivas voltadas para a prestação de serviços públicos e de relevância pública aos cidadãos que aqui residem;, discursou. Além dele e de Eunice, integrou a lista o promotor de Justiça Diaulas Ribeiro, que atua na defesa dos usuários dos serviços de saúde.

A presença de tantos magistrados demonstrou que Eunice terá uma boa relação com o Judiciário. Casada com o ministro Hamilton Carvalhido, do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ela conseguiu reunir na tarde de ontem toda a cúpula dos tribunais superiores. Poucos políticos passaram pela solenidade e pelo coquetel oferecido em seguida. Entre os candidatos a governador, nenhum compareceu. O petista Agnelo Queiroz chegou a agendar a ida ao MPDFT, mas não apareceu, tampouco o ex-governador Joaquim Roriz (PSC).

Eunice Carvalhido foi nomeada há um mês, mas só agora tomou posse. O tempo foi usado para organizar a assessoria e estudar as medidas que irá aplicar a partir de agora, quando terá dois anos de mandato à frente do MPDFT. Por conta do intervalo de 30 dias, coube à procuradora Benis Bastos, presidente do Conselho Superior do MPDFT, que exerceu a chefia no último mês, a transmissão do cargo. Bandarra assistiu a posse da colega na plateia.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação