Cidades

Museu Nacional de Gemas pode ter que sair da Torre de TV

Projeto de transferir o museu para a UnB divide opiniões. Sebrae já se movimenta e recorre da decisão na Justiça

postado em 26/10/2010 08:04
O destino do Museu Nacional de Gemas (MNG) está nas mãos da Justiça. O Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Distrito Federal (Sebrae-DF), responsável pelo acervo de pedras brasileiras que durante 14 anos esteve exposto no mezanino da Torre de TV, quer doar a coleção à Universidade de Brasília (UnB). A Associação Brasileira de Gemas e Joias (Abragem), no entanto, obteve uma liminar que suspendeu a transferência. Representantes do ramo de pedraria e joalheria temem que a mudança enfraqueça o setor. O museu está fechado à visitação pública desde agosto.

O mezanino da Torre, onde fica o MNG, abriga também um laboratório no qual se faz certificação das pedrasO Sebrae recorreu da decisão judicial. Apesar da indefinição, uma faixa colocada no hall de elevadores que dá acesso ao mezanino informa que o Museu Nacional de Gemas está fechado e sendo transferido para a UnB. A coleção de aproximadamente 4 mil peças está avaliada em R$ 1 milhão, segundo o gemólogo Rogério Viana Leite, que trabalha com o acervo desde 1995, antes mesmo da inauguração do museu. Além das joias, o mezanino da Torre também abriga o laboratório gemológico, que certifica as pedras.

;Desde 2003 não temos mais o contrato para administrar o espaço. Em 2005, a Procuradoria-Geral do DF determinou que nós ou renovássemos o contrato ou saíssemos da Torre. Estamos sugerindo que todos os setores da cidade possam utilizar o espaço nobre e não apenas um;, justifica o diretor-superintendente do Sebrae no DF, José Carlos Moreira D;Luca.

Perda
;A Torre de TV é o principal ponto turístico de Brasília. Quase todas as ações do arranjo foram criadas para ser executadas no museu, que fica no melhor ponto turístico. Pretendíamos retomar a central de negócios, tínhamos um plano de revitalização do local;, comenta o presidente da Abragem, Harilton Vasconcelos.

Mais de mil pessoas investem no ramo de pedras no DF, segundo o presidente da Associação dos Joalheiros do Distrito Federal (AjoDF), Valmir Jacinto Pereira. ;Nós não somos contra a doação. Somos contra a mudança do espaço;, argumentou. ;Essa transferência representa um retrocesso imenso para o setor.;

O gerente administrativo e financeiro do Sebrae, Alexandre Sá, advoga que o acesso à visitação será ampliado e que a universidade terá competência para desenvolver pesquisas e impulsionar o laboratório gemológico. D;Luca acrescenta que a soma das gemas da Torre de TV com o acervo da UnB resultará no maior museu de pedras semipreciosas da América Latina. Já as associações receiam as baixas no número de frequentadores e a restrição do turismo devido à exclusão da universidade da rota de atrações de Brasília.

Copa
De olho no movimento de turistas estrangeiros que chegarão a Brasília em 2014 por ocasião da Copa do Mundo, as associações argumentam que a capital precisa de um museu de peso que represente o status de grande produtor de pedras do Brasil. ;Todo turista tem interesse em conhecer e adquirir as pedras brasileiras. O acervo foi comprado com dinheiro do Sebrae, mas o museu é da sociedade;, defende Harilton.

A Secretaria de Turismo pretende construir um centro de apoio ao turista, uma lanchonete e uma loja de conveniência. Mas, segundo a assessoria de imprensa da pasta, nada pode ser feito enquanto o caso não é julgado pelo Judiciário. Está prevista para esta semana uma reunião entre o secretário de Turismo, Delfim da Costa Almeida, e o reitor da UnB, José Geraldo. A reportagem entrou em contato com a Reitoria da UnB, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição. Antes do acervo, o mezanino da Torre de TV já abrigou um restaurante.

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