Cidades

DF tem a maior expectativa de vida, com média de 75,79 anos

Pesquisa do IBGE coloca o Distrito Federal na frente entre as unidades da Federação onde as pessoas vivem mais: média de 75,79 anos. Segundo especialista, se estudo fosse dividido por cidade, haveria discrepância na capital

postado em 03/12/2010 08:00
Basta um passeio pelas praças do Cruzeiro ou uma visita ao Parque da Cidade no fim do dia para se dar conta do crescimento da população idosa no Distrito Federal. Prova do envelhecimento dos moradores da capital é a mais recente pesquisa sobre expectativa de vida realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada na quarta-feira. De acordo com o estudo, no Plano Piloto e nas regiões administrativas, as pessoas chegaram, em 2009, em média, aos 75,79 anos. Com o resultado, o DF se mantém pelo 10; ano consecutivo na liderança do ranking das unidades da federação onde as pessoas vivem mais. A média nacional é de 73,17 anos.

O pesquisador do IBGE Gabriel Borges acredita que o bom desempenho do DF está diretamente ligado à situação econômica dos trabalhadores. ;Os fatores socioeconômicos estão envolvidos com a esperança de vida da população. Assim como as baixas taxas de mortalidade infantil, que são indicadores de que a expectativa de vida será maior. De uma maneira geral, nos estados onde há uma incidência maior de mortes entre crianças, há também menor esperança de longevidade;, analisou Gabriel.

Ele ainda ressalta outros aspectos que influenciam na longevidade da população de um determinado lugar. Para ele, quando o poder público investe em educação, saneamento básico e trabalho, a tendência é de longevidade. Talvez essa seja a explicação para que os idosos de locais como Brasília, Rio Grande do Sul e Santa Catarina estejam num patamar bem à frente do que aqueles que residem nas regiões do Norte e do Nordeste.

Periferia
Na opinião da coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas da Terceira Idade da Universidade de Brasília (UnB), Maria Regina Moreira, a pesquisa deve ser analisada com algumas ressalvas. Segundo ela, se o estudo fosse dividido por cidade, haveria uma discrepância entre a expectativa de vida dos moradores do Plano Piloto em relação aos de regiões administrativas mais carentes. ;Temos dois DFs: o do Plano e o das periferias. No primeiro, a pessoa vive mais porque se alimenta melhor, faz exercícios regularmente, visita o médico sistematicamente. Isso tudo reflete na qualidade de vida e, consequentemente, no envelhecimento dos moradores. Por outro lado, temos os idosos que não vivem e, sim, sobrevivem nos lugares mais pobres;, avaliou a professora.

A docente lembra também que a população do Entorno faz uso dos serviços públicos do DF e que ela não foi considerada na pesquisa. ;É fato que as classes D e E emergiram no DF, mas o Entorno não acompanhou na mesma proporção. Mas eles procuram os hospitais do DF, fazem compras no DF, ou seja, estão diretamente ligados à capital. Se o Entorno fosse contemplado no estudo com certeza a média de envelhecimento no DF cairia;, concluiu a professora da UnB.

Ontem, no fim da tarde, os amigos e aposentados Joel Ferreira da Silva e João Alves Pinto, 75 e 68 anos, respectivamente, olhavam fotos tiradas em 1964 com o marechal Castelo Branco, João Goulart e outros ícones da política brasileira. Ao saber da pesquisa, Joel brincou e disse que, com sua disposição, chegará aos 200 anos. ;Depois de velho você tem que ir ao médico, conversar com os amigos, ter o carinho da família. Com isso tudo, vou chegar aos 200 fácil. Tenho muito medo da morte e não quero que ela me leve antes disso não;, brincou Joel.

Em Brasília desde 1958, João ensina como entrar bem na terceira idade. ;Depois da aposentadoria, tem que esquecer os problemas, levar a vida com alegria, fazer caminhada, jogar dominó com os colegas. Tudo isso contribui para nos mantermos conservados;, disse.

De acordo com a professora Maria Regina, os exemplos de Joel e João devem ser seguidos por aqueles que estão próximos de ingressar no time dos idosos. ;A qualidade de vida é um fator essencial para quem deseja a longevidade. Quem cuida do corpo e da mente na velhice com certeza tem mais chances de viver mais tempo e com qualidade;, complementou a docente da UnB.

Projeção para 2030
O IBGE também fez a projeção para os próximos 19 anos. Segundo o estudo, em 2030, a expectativa de vida da população idosa no DF será de 79,63 anos. Quase quatro anos mais que a média de hoje. O Brasil também apresentou uma redução significativa na taxa de mortalidade infantil nos últimos 20 anos. Em 1991, a taxa era de 45,14 óbitos de menores de 1 ano para cada mil nascidos vivos e, em 2009, passou, para 22,47%.

SC E RS NA COLA
; Os estados mais bem colocados na pesquisa do IBGE sobre expectativa de vida, depois do DF, são Santa Catarina e Rio Grande do Sul, com 75,75 anos e 75,49 anos, respectivamente. Na região Sudeste, a mais rica do país, a expectativa é de 74,61 anos. No ranking entre os países, o Brasil melhorou, mas ainda está atrás de países como Uruguai (76,2), México (76,1), Argentina (75,2) e Venezuela (73,8). No mundo, o Japão é onde os idosos vivem mais (82,7 anos). Em seguida aparecem Islândia (81,2) e Canadá (80,7).

EM ASCENSÃO

Evolução da expectativa de vida no DF nos últimos 18 anos

1991 - 68,64
1992 - 69,25
1993 - 69,84
1994 - 70,43
1995 - 71,00
1996 - 71,56
1997 - 72,10
1998 - 72,63
1999 - 73,15
2000 - 73,64
2001 - 73,90
2002 - 74,15
2003 - 74,40
2004 - 74,64
2005 - 74,87
2006 - 75,11
2007 - 75,34
2008 - 75,57
2009 - 75,79

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