Cidades

GDF admite reajustar as tarifas de ônibus

Antonio Temóteo
postado em 05/05/2011 08:00
O secretário de Transportes (ao fundo, de gravata) se reuniu com rodoviários e empresários para impedir greveO Governo do Distrito Federal (GDF) estuda a possibilidade de aumentar os preços das passagens de ônibus, sem reajuste desde 2006. Apesar das discussões em torno do assunto, ainda não há previsão para o possível aumento. A sinalização de elevar os custos dos bilhetes foi especulada pelo secretário de Transportes, José Walter Vazquez Filho. Ele esteve ontem reunido no Palácio do Buriti com representantes do Sindicato dos Rodoviários e empresários do setor para negociar as reivindicações salariais dos trabalhadores e tentar impedir o começo de uma greve.

O encontro ocorreu porque o acordo coletivo da categoria perdeu a validade no último dia 30, e os donos das empresas manifestaram a intenção de suspender o pagamento do vale-alimentação. Na ocasião, ficou definido que o tíquete seria mantido, e uma mesa permanente de negociações seria aberta para debater os pedidos da categoria.

O presidente do Sindicato dos Rodoviários, João Osório, explicou que existem 70 itens na pauta de negociações. Entre os principais estão o reajuste salarial de 17%, a doação mensal de uma cesta básica, a manutenção de uma gratificação de 5% para cada cinco anos de serviço prestado e a continuação da jornada de trabalho de seis horas. "Até o dia 20, esperamos que uma nova reunião ocorra, porque, nessa data, recebemos a cesta básica. Precisamos negociar até lá para que um movimento de greve não seja instalado", alertou.

Os empresários alegam que acumulam perdas com a falta de reajustes e, para atender os pleitos dos empregados, precisam de uma compensação. Para tanto, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros Coletivos (Setransp) encaminhou em fevereiro ao GDF um pedido de aumento de 52% no valor da passagem. O presidente do Setransp e dono da Viação Planalto (Viplan), Wagner Canhedo Filho, explicou que o saldo da reunião foi positivo, pois o GDF se comprometeu em participar das negociações.

Apesar disso, Canhedo deixou claro que as conversas estão em fase inicial e não há nada definido. "Os empresários estão há cinco anos e cinco meses sem reajuste tarifário. Mesmo sem a elevação salarial, as passagens precisam subir, porque os empresários não conseguem mais manter os custos sem um reajuste", completou.

O secretário de Transportes admitiu que o governo confirmou a possibilidade de um reajuste. "Vamos estudar a elevação. Estamos debatendo isso, porque acreditamos que o governo vai ter que enviar um projeto de lei para o Legislativo para que a relação entre o estado e o prestador de serviço seja mais transparente", disse.

Vazquez destacou que, entre os itens do projeto, estão a criação de um planilha de custos publicada na internet para que o usuário acompanhe os gastos das empresas e a possibilidade de um reajuste anual para os serviços de ônibus. O governador do DF, Agnelo Queiroz (PT), disse ontem, durante a cerimônia de sanção do Plano Diretor do Transporte Urbano (PDTU) no Palácio do Buriti, que os donos das empresas e a Secretaria de Transportes se reunirão na próxima semana para retomar a discussão sobre o possível aumento.

Reclamações
No meio do impasse sobre a possibilidade de elevação no custo dos bilhetes, estão os passageiros (leia O povo fala). A autônoma Selma Carlos Pinheiro, 37 anos, acredita que os empresários precisam pensar primeiro em melhorar a qualidade do transporte para depois pedir aumento nos preços. Segundo a moradora do Recanto das Emas, o número de veículos é insuficiente para atender a demanda. "Os coletivos estão sempre sujos, velhos e quebram com frequência durante o percurso. Todo dia de manhã, tenho que esperar o terceiro carro que passa, porque sempre estão lotados", disparou.

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