Cidades

Coopatram renegocia acordo de greve e sofre para quitar dívida salarial

postado em 10/05/2011 20:37

Funcionários da Cooperativa dos Profissionais Autônomos de Transporte (Coopatram) voltaram a paralisar as atividades na manhã desta terça-feira (10/5). Os cooperados cobravam o cumprimento do acordo firmado há pouco mais de um mês, relativo ao pagamento dos salários atrasados. A manifestação durou pouco mais de duas horas, e uma nova proposta garantiu a retomada dos trabalhos por volta do meio-dia.

O atraso no pagamento dos salários deste ano resultou em uma greve de 27 dias, encerrada no dia 7 de abril. O acordo garantia o pagamento em parcelas semanais no valor de R$ 215, mas em menos de duas semanas, começaram as reclamações: o valor estipulado seria muito baixo. "[Os funcionários] quiseram agilizar o pagamento, e resolveram cruzar os braços. Se tivessem nos procurado pra conversar, teríamos resolvido mais rapidamente", lamenta Cléber Vieira, vice-presidente da Coopatram.

[SAIBAMAIS]Com a renegociação, os pagamentos passam a ser diários, no valor de R$ 100 para os motoristas e R$ 70 para os cobradores. A estimativa da cooperativa é que as dívidas estejam quitadas dentro de dois meses. Para isso, é preciso colocar toda a frota em operação. Atualmente, apenas metade dos 80 carros está apta a rodar.

Além dos 14 ônibus com falhas mecânicas, existem 23 veículos estacionados na garagem devido a outro problema: dívidas. A Coopatram já conseguiu colocar em dia o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), mas ainda deve cerca de R$ 35 mil em multas. Segundo Vieira, a organização tentou parcelar as dívidas, mas o Departamento de Trânsito (Detran-DF) teria recusado o acordo.

Acordos complicados

Ao fim da greve do último mês, um parecer foi elaborado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) em parceria com representantes da cooperativa, e aprovado em assembleia. O texto previa a abertura de uma conta, sob gestão do MPT, em que seriam depositados os lucros. O saldo obtido de segunda a sexta-feira seria utilizado no pagamento dos ordenados em atraso. Já a renda dos finais de semana deveria ser empregada na reforma dos veículos e na quitação das demais dívidas.

"Desde que a greve terminou, os funcionários deixaram de trabalhar no fim de semana, porque o dinheiro não ia pra eles", conta Vieira. Nas contas do vice-presidente, cerca de 40% dos cooperados já receberam o valor relativo aos meses de janeiro e fevereiro. Mas a arrecadação de sábado e domingo não tem sido suficiente para resolver os problemas mecânicos.

Com a defasagem na frota, outra parte do acordo fica prejudicada. Nas negociações, o Transporte Público do Distrito Federal (DFTrans) se comprometeu a transferir rotas mais lucrativas para a Coopatram, numa tentativa de elevar os lucros e tirar a cooperativa do vermelho. "Com esses carros fora de circulação, já está difícil manter as linhas atuais, imagina com as novas", zomba o vice-presidente. Na reunião de hoje, a Coopatram foi categórica: vai descontar o dia de trabalho daqueles que tentarem boicotar a escala de final de semana.

Os funcionários cobravam, também, o afastamento de duas pessoas responsáveis pela arrecadação. As denúncias de maus-tratos e arrogância nas negociações foram acatadas pela direção da cooperativa, e o pedido foi aceito. A nova forma de pagamento deve ser implantada já nesta quarta-feira (11/5), e o funcionamento dos ônibus deve continuar estável. A Coopatram diz que espera normalizar a folha de pagamento de todos os associados até o fim do mês de junho.

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