Cidades

Projeto de revitalização do Plano Piloto prevê estacionamento subterrâneo

postado em 24/08/2011 07:42
Assim como o projeto apresentado pelo Conjunto Nacional para ligar os setores Hoteleiro e de Diversões Norte, a parte sul da área central de Brasília conta com propostas de revitalização. A iniciativa prevê a criação de uma praça com um teatro de arena, um edifício-garagem e uma passagem subterrânea até o Setor Hoteleiro. Os objetivos dos projetos são ampliar a circulação entre os setores, permitindo que as pessoas percorram a pé a região central de Brasília, e melhorar a paisagem urbana. Os desenhos ainda preveem a construção de estacionamentos subterrâneos para tentar diminuir o deficit de vagas nessas áreas, estimado em 40 mil.

O projeto apresentado pela prefeita do Setor de Diversões Sul (SDS), a arquiteta Flávia Portela, prevê a construção de uma praça com um teatro de arena em frente ao Conic para aproveitar um espaço já existente, além de uma passagem subterrânea para pedestres e um pavimento para ligar os setores de Diversões e Hoteleiro. ;Isso vai aumentar a segurança, porque a passagem de pessoas será feita somente pela parte superior. Sem contar que aqueles turistas que vieram para a Copa do Mundo, por exemplo, poderão sair dos hotéis e vir caminhando. Hoje, as áreas são muito estanques, não há ligação entre elas;, apontou Flávia. Para tentar driblar o deficit de vagas na área central da cidade, a proposta prevê a construção de um edifício-garagem onde hoje funciona o estacionamento gratuito. ;A empresa que construir poderá explorar o estacionamento, mas sugerimos que uma parte seja usada para manter a área revitalizada;, adiantou a arquiteta.

Flávia lembra que a meta é tornar mais acessíveis os espaços da área central de Brasília. ;Esse é um projeto para a cidade e não para o Conic. Queremos recuperar essa malha que está morta. Se olharmos em volta, está tudo perto, mas não conseguimos chegar, falta acessibilidade;, argumentou. Ela lembra que milhares de pessoas circulam diariamente pela área central da cidade, mas não encontram calçadas, banheiros públicos e bancos, por exemplo. ;O projeto para a construção da praça e da ligação com o Setor Hoteleiro Sul está aprovado pelo Iphan e pela Administração de Brasília. O importante é que aquele buraco deixe de existir;, disse. Procurada pelo Correio, a Administração de Brasília não retornou as ligações.

Para Benny Schvarsberg, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília (UnB), esses projetos são bem-vindos. Ele considera que faltam intervenções na área central de Brasília para aumentar a acessibilidade entre os espaços. ;A escala gregária do projeto de Lucio Costa ainda não se constituiu na sua plenitude, está incompleta e inacabada. Há muito o que fazer nesse conjunto, é necessário um projeto que abranja todos os setores hoteleiros, de diversões, comerciais e de autarquias ;, avaliou. Segundo ele, é preciso criar mais espaços de urbanidade, com atenção especial para aqueles destinados ao pedestre e ao ciclista. ;A região carece de uma qualificação urbanística, paisagística e ambiental, sem valorizar ainda mais os carros;, defendeu.

Melhorias
Reinaldo Freitas, 45 anos, mantém uma loja no Conic há mais de duas décadas e espera que o projeto saia do papel logo para beneficiar comerciantes e frequentadores do local. ;Aqui tem melhorado, lentamente, mas ainda está longe do ideal. Para se ter uma ideia, em 1989, quase ninguém vinha aqui, com medo (da falta de segurança). Aqueles clientes que vinham pedir para a gente os acompanhar até o carro;, lembrou. Há anos, Reinaldo clama por melhorias. ;Qualquer medida é interessante para o nosso setor. A proposta pode aumentar o movimento de pessoas, além de tornar o ambiente mais agradável e humano.;

O desenho elaborado para ligar os setores de Diversões e Hoteleiro Norte foi encomendado pelo shopping Conjunto Nacional. É assinado pela filha de Lucio Costa, Maria Elisa Costa, e pelos arquitetos Fernando Andrade e Carlos Magalhães, este, atual representante de Oscar Niemeyer em Brasília. Conforme o Correio divulgou, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) analisa o projeto, mas já adiantou que considera os croquis adequados às regras do tombamento. O órgão aguarda a apresentação formal da proposta.

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