Cidades

Pedido de cassação da deputada Jaqueline Roriz é rejeitado na Câmara

Ana Maria Campos
postado em 30/08/2011 20:19

A deputada é cumprimentada por parlamentares após o fim do julgamento

A deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF) foi absolvida nesta terça-feira (30/8) e se livrou do processo de cassação a que respondia na Casa por quebra de decoro parlamentar. Com 265 votos, contra 166 a favor e 20 abstenções, os parlamentares decidiram manter o mandato da deputada, que foi flagrada recebendo suposta propina do ex-secretário de Relações Institucionais do DF, Durval Barbosa, delator da Caixa de Pandora. Para que fosse cassada era preciso que houvesse no mínimo 257 votos favoráveis entre os 513 deputados.

Jaqueline Roriz (PMN-DF), na primeira vez em que falou na Câmara desde a divulgação do vídeo, manteve o silêncio sobre a história durante a sessão. Em seu discurso de defesa, ela não mencionou os encontros com Durval nem o que teria feito com o dinheiro recebido. Com voz embargada, limitou-se a falar da família -- do filho hemofílico -- e afirmar que sentiu vergonha, raiva e indignação sobre as notícias relacionadas ao caso. "Não há na Câmara um lugar para uma condenação sumária", clamou.

Tampouco se referiu a Eurides Brito, cuja cassação defendeu quando a deputada foi flagrada recebendo dinheiro de Durval Barbosa. "Não tripudio a dor de ninguém. Sou parceira nos bons e maus momentos". Em seu discurso, ela teceu críticas ao procurador-geral, Roberto Gurgel, por oferecer denúncia contra ela junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) sem ter ouvido seus argumentos e disse que, desde que foi alvo das suspeitas, viu seu "mundo desabar em um instante".

[SAIBAMAIS]O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), que apresentou relatório no Conselho de Ética recomendando a cassação do mandato de Jaqueline Roriz (PMN-DF), foi o primeiro a falar durante a sessão. Ele afirmou que a conduta da parlamentar foi tão aviltante que o Ministério Público reclamou danos morais em nome do Distrito Federal, alegando que teve a imagem atingida. "Isso não é caso de caixa dois, e sim de propina no DF".

O deputado falou por 36 minutos, nove a mais que o estipulado. Ele ainda citou discursos de Jaqueline em que ela chama Eurides Brito de "cara-de-pau" e "mau caráter". "Quanta desfaçatez", disse Sampaio. Quando terminou de falar, Sampaio foi aplaudido por apoiadores do movimento Fora Jaqueline.

Durante a sessão, os deputados Reguffe (PDT-DF), Érika Kokay (PT-DF) e Chico Alencar (PSol-RJ) também discursaram em defesa da cassação de Jaqueline Roriz. Érika Kokay criticou a conduta da deputada e disse que o episódio da Caixa de Pandora é um caso de corrupção hemorrágica. Vilson Covatti (PP-RS) foi a única voz em favor da deputada e disse que não encontrou nem uma palavra sequer no regimento da Casa em que estivesse previsto julgamento de um não parlamentar.

Entenda o caso
O processo contra a deputada Jaqueline Roriz foi baseado em uma gravação em vídeo, onde Jaqueline Roriz, na época candidata à deputada distrital, aparece recebendo dinheiro do operador do esquema de propina no governo do DF, Durval Barbosa. A fita com as imagens só foi divulgada este ano, levando o PSOL a pedir ao Conselho de Ética da Câmara a abertura de processo de cassação.

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