Cidades

Esquema de corrupção envolvendo auditores da Agefis funcionava há um ano

Thiago Lins
postado em 23/09/2011 20:52
Após a Operação Action nesta sexta-feira (23/9), que desmontou um esquema de corrupção envolvendo auditores fiscais da Agência de Fiscalisação (Agefis), empresários e grileiros, a Polícia Civil explicou como os envolvidos agiam. No total, 12 pessoas estão presas provisoriamente e uma é considerada foragida. Agentes da Divisão Especial de Repressão ao Crime Organizado (Deco) investigaram o grupo por quatro meses após uma denúncia. Segundo a polícia, o esquema existe há pelo menos um ano.

O trabalho envolveu 200 agentes da Polícia Civil e começou por volta das 6h. Além dos 13 mandados de prisão, a 1; Vara Criminal de Taguatinga expediu 22 mandados de busca e apreensão. Estão detidos os auditores da Agefis Amarildo Endlich Pedro, 46 anos, Moises de Carvalho Lima, 38, Carlos Alberto Oliveira Costa, 56, e Erondes Alves da Silva, 49, os empresários do ramo da construção Reynaldo Wagner Taveira, 51, e José Volteir de Oliveira Rios, 53, os grileiros e parceladores de terra Antônio Emilson Soares, 54, Cláudio Raider Simões, 34, Carlos Eduardo de Andrade Muniz, 39, que é soldado do Corpo de Bombeiros, José Benedito Lustosa Rocha, 50, Leonidas Alves Santana, 52, e Antônio Carlos de Andrade, 40. O último, que tem a função de grileiro, ainda não foi localizado.

Segundo o diretor da Deco, Márcio Araújo Salgado, os quatro servidores liberavam a construção de imóveis em locais irregulares, invasões de áreas públicas e parcelamentos irregulares de solo, principalmente em Vicente Pires e Ceilândia. Áreas como os condomínios Por-do-Sol e Sol Nascente e Colônia Agrícola Samambaia eram os alvos preferidos pelos acusados. O esquema existia há pelo menos um ano. "Após o pagamento de propina, eles chegavam a mudar o endereço das derrubadas, além de antecipar aos empresário os dias em que as operações do órgão seriam realizadas. De acordo com o diretor, o valor da propina dependia do tamanho do imóvel e variava entre R$ 5 mil a R$ 10 mil.

De acordo com as investigações, os empresários, donos de lojas de materiais de construção, recebiam informações privilegiadas dos auditores. "Os invasores compravam os materiais nas lojas", contou Salgado. Os grileiros e parceladores de solo recebiam até 30% do valor das propinas e tinham a função de intermediários entre os moradores e os fiscais da Agefis.

Apreensão
Cerca de R$ 50 mil em dinheiro e R$ 500 mil em cheques foram apreendidos pelos agentes, além de computadores contendo informações do crime, documentos, como mapas de terrenos, faixas de anúncio de [SAIBAMAIS]terrenos e um cofre pertencente a um dos empresários. Pelo menos 200 cheques provenientes dos parcelamentos de terra foram encontrados em posse do soldado do CBDF.

Crime

Os envolvidos responderão por formação de quadrilha, corrupção, concussão e violação de sigilo funcional, advocacia administrativa e inserção de dados falsos em sistema de informações. A prisão preventiva tem prazo de cinco dias e pode ser prorrogada.

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