Cidades

Crianças de centro comunitário do Guará ganham um dia cheio de guloseimas

Várias pessoas foram até o local e ajudaram a distribuir alegria entre os assistidos pela creche

postado em 28/09/2011 06:37
O pequeno Rafael Silva Almeida, de 4 anos (C), ficou eufórico com a festa-surpresa, assim como seus coleguinhas:
Primeiro, as dezenas de olhos se viraram em direção ao mesmo ponto. Em seguida, a correria, a gritaria e muitas mãozinhas estendidas ao ar. E aí, a euforia. Ontem, essa sequência se repetiu várias vezes no Centro Comunitário da QE 38, no Guará 2. E é assim em todo dia de São Cosme e São Damião. As crianças da creche receberam a visita de várias pessoas, que levaram doces, brinquedos e até um café da manhã reforçado. Mas o que ficou no fim do dia foi o carinho dado: ;Você volta depois, né, tia?;, pediu Rafael Silva Almeida, 4 anos.

As crianças da creche passaram o dia em meio a doces, brincadeiras e muito corre-corre. Em vários momentos, duas pessoas chegaram ao portão anunciando a entrega de guloseimas, para a alegria das crianças. O professor Nivardo Barros de Macedo Filho, 46 anos, levou os saquinhos de doces ao centro comunitário pela primeira vez.

;Alguns motivos me trouxeram. Ter esse contato com as crianças me faz muito bem. É maravilhoso me deparar com o sorriso delas, me dá conforto. E, nesta fase da vida, isso nos marca muito. Eu tenho excelentes lembranças da época em que corria atrás de doces;, contou. Nivardo tem dois filhos, um de 17 e outro 13, que, segundo ele, não tiveram a mesma experiência.

Casada com Nivardo, a professora Gisele Teixeira de Macedo, 42 anos, tem um motivo a mais para se entusiasmar com o Dia de São Cosme e São Damião. ;Meu pai tinha o hábito de sempre dar doces às crianças. Tenho isso na memória. Foi por conta de uma graça atendida. Era o único dia do ano em que a gente podia matar aula com autorização dos pais. A meninada ficava solta pela rua;, lembrou. Para ela, essa tradição mudou muito, atualmente. ;Com a correria das famílias, as crianças ficam mais presas em casa. É tudo muito tecnológico, a vida atribulada. Além disso, tem a preocupação com a segurança das ruas.;

Gisele pode não conseguir resgatar a tradição por completo, mas sua presença certamente vai ficar na memória das crianças com as quais ela esteve na tarde de ontem. David Roberto Araújo Batista, 3 anos, de tão animado com a surpresa, saiu cantando pelo corredor e fez sucesso entre os colegas. Ao ser perguntado sobre o que ganhou, informou, feliz: ;Doces, doces, doces;. Eram tantos que ele acreditava não poder dar conta de todos. ;Vou guardar no saquinho pra amanhã;, decidiu. Miguel Coelho Lima, 4, agradeceu a lembrança a todos os adultos presentes. ;Vou dividir com a minha mãe;, garantiu.

Organização
Grande entusiasta da tradição, a funcionária pública Márcia Meyer, 41 anos, leva pelo menos uma semana pensando no dia da distribuição dos doces e dos brinquedos. Ela não mede esforços para fazer dessa data um dia feliz, como os que viveu na infância. ;Não existe mais aquela paixão. A criançada está crescendo muito rápido, perde a infância cedo.

A festa é uma coisa muito gostosa quando trabalhada desde cedo. Independentemente da religião, acho que a festa popular tem de ser mantida. Eu já fiz festa para 500 crianças na minha quadra;, contou.

Tudo começa com a compra dos doces. Às vezes, sai caro, mas, para Márcia, o sorriso da meninada recompensa cada centavo. São tantos doces que a loja precisa entregar na casa dela. ;É um custo alto, mas vale a pena. Passei uma manhã inteira escolhendo as coisas. A loja tem que levar em casa, porque meu carro não comporta. São 500 saquinhos.; Márcia colocou todo mundo da família para ensacar doces. ;É um dia cheio. Meus pais, minha filha, todo mundo ajuda.; O dia propriamente dito começa cedo para dar tempo de entregar todos os saquinhos. ;Às 5h45, eu já estou guardando doces no carro. Aí, sigo para o Guará. Faço um café da manhã na creche e, de lá, entrego para as crianças de rua. Depois, distribuo entre os meninos do meu prédio, em Águas Claras. Como eu moro no primeiro andar, ainda faço chuva de balinhas da sacada.; A criançada agradece.

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