Cidades

Parentes e amigos de estudante morta por professor pedem Justiça

Parentes e amigos se mobilizam para que o assassinato da estudante Suênia Sousa Faria não fique impune. Faltavam três semestres para a jovem de 24 anos se formar em direito. O sonho dela era ser delegada de polícia

postado em 02/10/2011 08:29
Cilene Farias (C), irmã mais velha da vítima, cercada por parentes e amigos:
;O sonho dela era ser delegada. A minha afilhada tinha sede de justiça.; A frase é de Alda Maria dos Santos Almeida, 49 anos, madrinha da estudante de direito do UniCeub Suênia Sousa Faria, 24 anos, brutalmente assassinada pelo ex-professor Rendrik Vieira Rodrigues, 35 anos, na última sexta-feira. Na tarde de ontem, parentes e amigos da jovem disseram ao Correio estarem dispostos a lutar para que o crime não fique impune. ;Queremos que ele apodreça na cadeia. A maldade que ele fez com ela não tem perdão;, disse Sineide Sousa Farias, 30 anos, uma das irmãs da vítima.

A barbárie ocorreu pouco depois das 15h30, horário em que a jovem saiu da faculdade com uma colega, à qual daria carona pela primeira vez. O professor pediu licença para conversar a sós com Suênia, mas a testemunha relatou na 27; Delegacia de Polícia (Recanto das Emas) não ter desconfiado de nada. A moça se afastou por alguns minutos e, ao retornar ao carro, os dois não estavam mais no local. Segundo a Polícia Civil, o crime ocorreu entre a EPTG e a Via Estrutural, perto de uma parada de ônibus do Jóquei Club. O professor atirou três vezes na cabeça e no peito da estudante e jogou a arma do crime, uma pistola calibre .380, em um matagal.

Os investigadores do caso estiveram no local indicado pelo acusado, mas nada encontraram. O professor admitiu ter comprado a arma havia duas semanas ;para se defender;. A investigação aponta que o assassinato foi motivado pelo fim do relacionamento entre eles, de 11 meses. ;Ela estava separada do marido quando ficou com ele, mas decidiu voltar para o companheiro e ele não aceitou. Dizia que, se ela não fosse dele, não seria de mais ninguém;, contou a irmã mais velha, Cilene Sousa Farias, 34.

Cerca de duas horas depois de matar Suênia, o professor levou o corpo para a delegacia do Recanto. Ele chegou ao local no Sandero da vítima e se entregou. Para o delegado-chefe, Alexandre Nogueira, como o acusado é conhecedor de direito, ele não descarta a possibilidade de Rendrik ter se apresentado espontaneamente, contando com um relaxamento de prisão no futuro. ;Se ele pensou isso, não deu certo, porque já tínhamos uma ocorrência gerada pelo marido de Suênia em Taguatinga;, explicou.

Momentos antes de morrer, Suênia ligou para o companheiro, Hélio Prado, com a voz trêmula. Teria dito que voltaria com o professor e iria para casa pegar roupas. Rendrik foi indiciado por homicídio qualificado (motivo fútil e impossibilidade de defesa da vítima), cuja pena varia de 12 a 30 anos de prisão. Rendrik não tinha antecedentes criminais.

[SAIBAMAIS]Sonhos
Suênia vivia um relacionamento com Hélio Prado havia três anos. Eles não tinham filhos e, no momento, a jovem só pensava em se formar em direito. Faltavam três semestres para a moça de cabelos pretos e sorriso largo conseguir o diploma e adquirir a carteira da Ordem dos Advogados do Brasil. ;Ela via os crimes passionais na televisão e ficava chocada. Ela queria fazer a diferença e combater as injustiças. Quando ela viu o caso da Eloá (assassinada em São Paulo, em 2008, pelo ex-namorado Lindemberg Alves), ela chorou muito. Nunca imaginava que isso aconteceria com ela;, disse Sineide.

Cerca de 10 minutos antes de ser abordada por Rendrik, Suênia ligou para Cilene dizendo que ia pegar umas roupas para viajar com o companheiro a Goiânia (GO). ;A minha irmã estava muito feliz. Foi a última vez que eu falei com ela. Ela era a minha confidente. A minha vida agora é só sofrimento;, desabafou Cilene.

Ela disse que a irmã tinha medo do professor. E, por isso, entrou em contato com um policial civil. ;Mas foi uma conversa informal. Ela não registrou boletim de ocorrência com medo de provocar a ira desse monstro e piorar as coisas. Ele era muito ciumento e possessivo.;

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