Cidades

Manifestante é agredida por segurança particular em obras no Noroeste

postado em 14/10/2011 09:16

Esta sexta-feira (14/10) amanheceu agitada nos locais onde será construído o novo bairro no Distrito Federal, o Noroeste. Na região, empresas trabalham para erguer construções, mas um grupo indígena vive no local, que alegam ser um santuário. Nesta manhã, estudantes que estão acampados na região desde quarta-feira (05/10) continuaram com os protestos. Quando um trator se dirigia a um local demarcado por uma construtora, três estudantes tentaram impedir que ele seguisse adiante.

Enquanto uma manifestante, Beatriz M. M., estava com as mãos sobre o trator em movimento, um segurança da empresa responsável por parte das construções ameaçou agredí-la com um cacetete. Ela largou o trator e em seguida a jovem e o segurança começaram uma luta corporal. Ele bateu nela e garota respondeu com chutes. Alguns segundos após o conflito colegas da jovem se agruparam, policiais militares chegaram e apartaram a confusão.

Segundo uma manifestante que preferiu não se identificar, o segurança já chegou agredindo o pessoal. "A gente tentou se aproximar do trator e um deles já estava pronto para bater com o cacetete. Somos contra a construção de prédios aqui, mas sabemos que o caso é bem complicado. Há 50 hectares que estão sub judice, ou seja, a Justiça ainda não determinou se essa área vai ficar nas mãos dos índios ou das empresas. Por isso o início das obras é ilegal. Eles não têm mandado judicial e começaram a construir. O problema é que a sociedade civil não tem força financeira igual às empresas", disse a jovem.

Ela afirmou ainda que a posição da Fundação Nacional do Índio (Funai) não é conhecida pelos manifestantes. "Se a Funai se decidisse, ou não estaríamos aqui e estariam acontecendo as obras, ou as obras ficariam paradas, por se tratar de um santuário. É muita omissão", completou.

A jovem agredida disse que o segurança agiu com muita violência. "Eu estava em um local público tentanto impedir que o trator entrasse na área privada. Foi aí que o segurança da propriedade começou a me agredir. Eu levei golpes no braço, na perna e nas costas. Vou à delegacia, pois este segurança não poderia ter me agredido. Eu estava em uma área pública, não tinha invadida a parte que pertence à empresa", conta Beatriz.

A manifestante seguiu com um amigo para a 2; Delegacia de Polícia Civil do Distrito Federal, responsável pela região da Asa Norte, para registrar um boletim de ocorrência.

De acordo com o diretor da Brasal Incorporações, Dilton Junqueira, a empresa possui alvará de construção, comprou o terreno em uma licitação da Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap), em 2009 e também possui alvará de incorporação. "Queremos trabalhar dentro do nosso direito legal. Estamos fazendo apenas o nosso trabalho. Está faltando ação do governo", explica.

O Major Meirelles, da Polícia Militar, disse que o problema no local onde será construído o Noroeste é de esfera federal, por envolver índios. "A PM tem que fazer a manutenção da ordem. Estamos lá para garantir a segurança de todos. Cabe à PM evitar que ocorra um problema maior e, se houver, encaminhar as partes à delegacia de Polícia Civil responsável pela região".

Meirelles diz ainda que os policias ficam responsáveis apenas pela segurança na região. "Não somos tropa de choque, devemos apenas garantir as ordens pública e social. Neste caso específico, a gente vai tentar minimizar os ânimos e a prisão é pensada apenas como última medida. Esta é uma questão delicada. Os fatores são complexos e precisamos ter bastante cautela. Os PMs que estavam no local podem ser ouvidos pela 2; DP para contar tudo o que viram e fizeram na hora da briga", completa o major.

O procurador-geral da Funai, Antônio Marcos Guerreiro, chegou ao local escoltado pela Polícia Federal e está na região para conversar com representantes da Funai, com os indígenas e com o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF). Segundo o diretor da Brasal Incorporações, Dilton Junqueira, o procurador da Funai pediu que a empresa não participasse da conversa. A Polícia Federal também acompanha os debates.

Por volta das 12h25, o senador Rollemberg chegou ao local. "Vim tomar conhecimento da situação e tentar ajudar nas negociações". Ele disse ainda que é a favor da construção do bairo Noroeste, mas, também, defende a permanência dos índios no local de origem.

Com informações de Antônio Temóteo

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