Cidades

Mulheres que venceram tratamento de câncer de mama participam de desfile

postado em 25/10/2011 07:21
Joana Jeker dos Anjos (de branco), com integrantes do grupo Recomeçar:
Elas venceram desafios e mostram isso na passarela. Desta vez, o destaque do desfile promovido pelas Mulheres da Cirurgia Plástica e pela Recomeçar/Associação das Mulheres Mastectomizadas não estará nos novos modelos apresentados por uma marca de roupas. As atenções estarão voltadas para as mulheres que venceram a batalha contra o câncer de mama e voltaram a sorrir. O evento, agendado para as 19h de hoje no Gilberto Salomão, encerrará o Outubro Rosa, mês do movimento mundial contra a doença. Entre 25 e 30 mulheres de todas as idades desfilarão, confiantes de que vale a pena brigar pela vida.

As participantes terão um dia especial. A concentração começará ainda no início da tarde, com tempo de sobra para arrumar o cabelo e se maquiar. ;Esse evento servirá para levantar o ego dessas mulheres, para que elas se sintam prestigiadas e homenageadas depois de tanto sofrimento;, explicou a presidente da Recomeçar, Joana Jeker dos Anjos, 35 anos. As organizadoras do evento também querem chamar a atenção da sociedade para o autoexame e exigir políticas públicas. ;Essa conscientização é muito importante, um alerta para todas as mulheres;, destacou Joana.

Há dois anos, a dona de casa Venina Batista de Souza, 46 anos, moradora de São Sebastião, descobriu que estava com câncer de mama. ;Não consegui aceitar que estava doente, fiquei em estado de choque, perdi meu chão. Achei que fosse morrer, não conseguia pensar em outra coisa;, contou. Durante quase um ano, fazia o caminho entre a casa e o Hospital Universitário de Brasília (HUB), onde se submeteu ao tratamento. Fez cirurgia para retirar o seio, sessões de quimioterapia e radioterapia. Achou que não venceria a batalha. ;Em 2010, entrei para um grupo de apoio. Além de aprender a fazer artesanato e me ocupar, conversava com outras mulheres mais experientes. Agora sou em quem tento ajudar outras mulheres que estão passando pelo que eu passei.;

Venina está animada para participar do desfile. ;Só quem passa por essa situação sabe o quanto é doloroso, mas passou. Esse evento será muito importante para divulgar a causa e ajudar outras mulheres na mesma situação que a nossa.; Esse também é o objetivo da dona de casa Laura de Souza Dias, 42 anos, moradora de São Sebastião: ;Essa doença mexe muito com a autoestima da gente. Não é fácil para uma mulher perder a mama ou o cabelo. Com esse desfile, queremos contribuir com outras pessoas que estão desanimadas como a gente já esteve;.

Para a professora Luciene Maria de Araújo, 42 anos, moradora de Ceilândia, a informação é o melhor remédio para quem tem câncer de mama. Ela criou um blog para dividir a experiência com outras pessoas e, quem sabe, ajudar de alguma forma aqueles que ainda estão na luta pela vida. ;Não é fácil passar por isso, mexe demais com o nosso psicológico. Por isso, acho muito importante esse desfile, para incentivar outras mulheres a se cuidarem e melhorar a nossa autoestima;, avaliou. Luciene aguarda ansiosa pelo evento.

Direitos
Joana Jeker dos Santos decidiu criar a Recomeçar depois de vencer um câncer de mama e ver a realidade dos hospitais. ;Eu, como paciente, passei por muitas dificuldades. Estou nessa luta há um ano e meio e vi que as mulheres não tinham orientação alguma e não foram atrás dos direitos delas;, apontou. De acordo com Joana, uma das principais dificuldades encontradas por aquelas que têm a doença é fazer a cirurgia de reconstrução da mama, apesar de a Lei Federal n; 9.797 de 1999 prever o acesso ao procedimento (veja o que diz a lei). ;A demanda é seis vezes maior do que a capacidade da rede pública anualmente. Lutamos para que essa operação seja uma continuidade no tratamento. É obrigação do Estado prover esse tipo de cirurgia;, defendeu.

A dona de casa Luiza Barboza de Oliveira, 65 anos, moradora do Riacho Fundo 2, conhece bem essa realidade. Descobriu que estava com a doença em 1994, mas somente em 2008 fez a primeira etapa da cirurgia para reconstruir a mama. Depois de todas as dificuldades, encontrou motivos para sorrir. Luiza estará no desfile de hoje à noite e não esconde a alegria. ;É maravilhoso participar desse evento com a Joana;, diz ela, que convidou toda a família.

Foco na prevenção
O movimento começou na década de 1990 nos Estados Unidos, quando a Fundação Susan G. Komen for the Cure lançou o laço cor-de-rosa e distribuiu durante a Corrida pela Cura, realizada em Nova York. Durante o mês de outubro, muitos países realizam uma série de ações voltadas para a prevenção do câncer mama. No Brasil, a primeira iniciativa ocorreu em 2002, quando o Obelisco do Ibirapuera, em São Paulo, foi iluminado em tons de rosa.

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