Cidades

Polícia investiga possível erro médico em morte de bebê de oito meses

postado em 27/12/2011 22:58
Agentes da 6; Delegacia de Polícia do Paranoá investigam um possível erro médico que teria levado um bebê de 8 meses a morte na semana que antecedeu o Natal (19/12). A ocorrência foi registrada pela mãe da criança às 19h36 dessa terça-feira (27/12). O caso veio à tona por meio de uma denúncia anônima feita por um funcionário do Hospital Regional do Paranoá.

Por meio de nota publicada pela Secretaria de Saúde, a direção do hospital informou que consta no atestado de óbito do menino o diagnóstico de choque séptico de origem desconhecida, o que representa uma infecção generalizada. De acordo com os procedimentos da polícia, serão ouvidas as testemunhas, funcionários do hospital que constam no prontuário e todos os que faziam plantão na pediatria no dia do ocorrido. Além disso, será pedida a exumação do corpo, que irá identificar a causa da morte do bebê.

O menino deu entrada no centro de saúde após ter passado mal em casa na madrugada do dia 18. A mãe levou o filho ao hospital, mas, aproximadamente, 10 horas após ele veio a falecer. No hospital, a mãe do menino disse que ele tinha apresentado febre e teria sido medicado com Paracetamol.

Já sem febre, a criança foi mandada de volta para casa. "Ele chorava muito. Como se estivesse com dor. Nada adiantava. Mas ele estava se alimentando normalmente. Ele mesmo pegava a mamadeira", contou a mãe. De volta ao hospital, por volta das 13h do dia 19, o menino ficou sob observação e o médico que o atendeu teria prescrito medicamentos e pedido exames.

De acordo com a mãe, foi acionada uma ambulância para encaminhar o menino à Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP). "As pessoas ficavam me dizendo para torcer para dar tempo da ambulância chegar. Disseram que Deus era o melhor médico de todos. Mas não deu tempo. A última coisa que ele fez foi apertar a mão do pai. Ele fechou os olhos. Uma lágrima escorreu. E ele nunca mais acordou", relatou. A mãe afirma que o filho entrou em coma antes de morrer, por volta de 1h da madrugada.

Segundo a denúncia feita pelo funcionário do hospital, o médico teria mandado aplicar uma dose de Diazepan, um medicamento usado como calmante, em quantidade muito acima da recomendada para um bebê. A criança foi enterrada sem que fosse realizada a autópsia.

Para a mãe, a informação que passaram no hospital foi de que o filho tinha morrido por conta de uma bactéria e poderia ser feita uma necrópcia para indicar a causa específica da morte. A mãe negou essa possibilidade em razão do sofrimento prolongado. "Depois dos medicamentos ele já tinha ficado inchado, com manchas roxas. Eu não ia aguentar ver eles cortando um pedaço do corpo dele quando já estava morto", comentou.

A mãe relatou a dor que sente por ter perdido o filho da maneira como foi. "Imagina o que é você pegar seu filho que está doente, trazer para o hospital para ele melhorar e em vez disso você traz ele para morte. Está muito difícil para mim. Você entra em desespero. Quando souber a razão da perda do meu filho vou ficar mais tranquila. Mas, até lá, isso vai ficar me torturando a vida", lamentou.

Para ela, a denúncia anônima foi um ato milagroso de alguém que entende o que é amar um filho. "O pessoal do hospital já devia saber que tinha alguma coisa errada. Eu ouvia alguns cochichos, mas não consegui entender o que podia ser", afirmou.

Sobre o menino, ela disse guardar a lembrança do sorriso. "Ele só queria brincar, sorrir. Ele não queria dormir. A chegada da noite para ele era a hora mais triste. Não podia ver uma bola que queria chutar. Já estava quase andando. Mas só dizia papai e mamãe. Eu vou sentir saudade de tudo. Não tem uma coisa só. Ele dormia comigo. Ficava comigo em casa quando o irmão saía com os amiguinhos. Ele era meu companheiro", contou.

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