Cidades

Grandes eventos podem alavancar o turismo no DF nos próximos 10 anos

postado em 31/12/2011 08:00
O gerente de churrascaria Creyson supervisiona reforma para a Copa
Uma cidade que sedia grandes congressos e encontros, famosa por suas características arquitetônicas e históricas, porta de entrada para quem deseja fazer turismo ecológico e de aventura em regiões próximas e dona de uma boa infraestrutura de equipamentos e serviços. Esse é o posto que Brasília tem potencial para ocupar em 2022, de acordo com analistas e empresários ligados à atividade turística. No entanto, a capital federal terá de percorrer um longo caminho e superar uma série de problemas e entraves antes de atingir essas metas.

O turismo é uma atividade subexplorada na Brasília dos dias atuais. Segundo dados da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), a cidade projetada por Oscar Niemeyer e Lucio Costa teve uma média de 580.341 desembarques por mês em 2010, o equivalente a 6,9 milhões em um ano. Segundo o Brasília Convention & Visitors Bureau, só 10% desse total continua em solo candango por algumas horas. ;São visitantes que desembarcam aqui e vão para o Congresso, os ministérios e os tribunais superiores. No fim do dia, vão embora. O nosso desafio é fazer com que esse turista durma aqui;, afirma Delfim da Costa Almeida, secretário executivo da entidade.

Um dos motivos para o baixo apelo da capital federal junto aos turistas é a imagem de centro exclusivamente administrativo. Atrativos como museus, monumentos e restaurantes passam desapercebidos. Para se ter uma ideia de como Brasília é associada mais ao trabalho do que ao lazer, a média de ocupação hoteleira da cidade é de 76% de segunda a quinta-feira, mas cai para 58% aos fins de semana. Além disso, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (Abih) e do Sistema de Informações Hoteleiras para o Turismo (Sihtur), 49% dos turistas que vêm ao DF tratam de negócios.

Há um esforço para mudar e vender uma visão menos burocrática da capital, para o Brasil e para o mundo. ;Operadoras têm se interessado em vir conhecer a cidade depois das nossas ações de divulgação;, afirma o secretário de Turismo do DF, Luís Otávio Neves. Segundo Neves, a intenção é capitalizar a partir do ponto forte da cidade, que é a sua capacidade de atrair profissionais, articuladores e especialistas.

Atrativos
São muitas as razões pelas quais a atividade de sediar eventos é apontada como uma das grandes apostas para o futuro econômico de Brasília. Todas as representações nacionais e os órgãos públicos estão por perto, o que significa um enorme leque de palestrantes de renome à mão. O traçado das vias da cidade facilita a organização do esquema de segurança para líderes e chefes de Estado. A capital ocupa posição geográfica central, e o aeroporto figura como o segundo do país com o maior número de conexões, ficando atrás somente do terminal aeroviário de Congonhas, em São Paulo.

De olho nessas características favoráveis, o governo do DF realizou nos anos 2000 reformas de ampliação no Centros de Convenções Ulysses Guimarães. O setor privado, por sua vez, inaugurou também nesta década locais como o Brasil 21 e o Unique Palace. Empresas especializadas em organizar congressos e encontros trabalham na captação desse tipo de evento para a capital federal, com o apoio do poder público.

A ideia do GDF e dos empresários é que o visitante recém-chegado para participar de encontros e reuniões usufrua do lazer e dos serviços locais. ;Em 2013, receberemos um Congresso de Cardiologia que deve trazer 11 mil pessoas para Brasília. O Ministério do Turismo estima que o turista de eventos gaste quase o dobro em relação ao de lazer, R$ 210 por dia contra R$ 120;, entusiasma-se o secretário Luís Otávio Neves.

Ecoturismo
Outra alternativa para a capital federal é investir na recepção de interessados em turismo ecológico e de aventura em municípios goianos próximos, conhecidos pelas belezas naturais. A Secretaria de Turismo incuba o projeto de divulgar para operadoras de viagem pacotes que integrem, por exemplo, Brasília e Chapada dos Veadeiros, reserva que fica perto de Alto Paraíso (GO).

Mas, para que o esquema funcione, é preciso primeiro que haja a regulamentação dos dispositivos que tratam de transporte na Lei n;11.771/2008, a Lei Geral de Turismo. Na legislação atual, há uma confusão entre ônibus turísticos e linhas regulares. Como resultado, o trânsito de excursões do DF para Goiás e vice-versa é complicado. ;Para se ter uma ideia, a van de uma empresa de Brasília não pode levar para Pirenópolis (GO);, diz Luís Otávio Neves. Em 2011, o Ministério do Turismo prometeu a redação de uma portaria para resolver o problema.

Creyson Konrad, gerente-geral de uma conhecida churrascaria no Setor Hoteleiro Sul, tem boa parte de seu negócio impulsionado por clientes de fora de Brasília. A gastronomia, serviço que ele oferta, é considerada uma Atividade Característica do Turismo (ATC). Ciente disso, ele supervisiona uma reforma no estabelecimento a fim de deixá-lo mais atraente para a Copa das Confederações, em 2013, e a Copa do Mundo de 2014. ;Teremos isolamento sonoro e pé-direito maior, além de melhorar a climatização. Servirá para 2013 e 2014, mas o preparo não deve ser somente para os jogos no DF;, opina.

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