Cidades

Fiéis ficam surpresos com prisão de pastor acusado de estelionato

postado em 02/01/2012 07:26
Os fiéis da Igreja Batista Central de Brasília, na 603 Sul, ficaram surpresos na manhã de ontem com a notícia da prisão de Rubens Ferreira de Moraes, 51 anos, um dos pastores mais influentes da congregação. O líder religioso acabou detido por agentes da 1; Delegacia de Polícia (Asa Sul), na noite da véspera do ano-novo, em casa, na Asa Norte, acusado de integrar uma quadrilha de estelionatários (leia O que diz a lei). Os golpes praticados por ele não foram divulgados pela polícia, mas trata-se do cumprimento de um mandado de prisão expedido por conta de um processo aberto em 2001, após investigação da Delegacia de Roubos e Furtos de Veículos (DRFV).

O pastor também tem passagens pela polícia por 16 crimes, entre eles estelionato, receptação de produtos roubados e falsificação de documentos. Informações preliminares apontam que existem cinco mandados de prisão em aberto contra ele e outros seis estariam prescritos.

No primeiro culto de 2012, realizado na manhã de ontem, os frequentadores não acreditavam na detenção. ;Ele parecia bem sério. Inclusive, quando o meu pai ficou doente, deu um grande suporte espiritual. É difícil crer que ele tenha feito mal a alguém;, disse a aposentada Iara Queiroz, 60 anos. A mesma impressão tinha a jornalista Lúcia Matos, 56 anos, que o considerava radical em suas pregações. ;Ele chegava a chorar quando via algo errado. Falava que as pessoas fora da igreja eram bandidas, entre outras coisas que defendia com firmeza. Agora, ele tem a obrigação de provar que o que pesa contra ele são acusações falsas, porque, se for verdade, ele só pode sofrer de algum transtorno de personalidade;, comentou.

Ao tomar conhecimento do episódio, o Conselho Eclesiástico da Igreja Batista afastou o pastor de suas funções sacerdotais. Por meio de nota, a direção do templo informou que a decisão foi tomada com base nas ;investigações da Polícia Civil e do Ministério Público do DF e Territórios;. O presidente da igreja, Ricardo Espíndola, informou que Rubens foi ordenado pastor no início de 2011 e não apresentava nenhum desvio de comportamento.

Os candidatos a pastor, destacou Ricardo, devem cumprir uma série de pré-requisitos, inclusive apresentar documentos que comprovem um passado limpo. Ele suspeita que Rubens tenha adulterado as declarações. ;Nós pedimos os antecedentes criminais dele. Não podemos julgar antes, mas, pelo grau de exigência da igreja, é possível acreditar que ele tenha falsificado os papéis;, disse o presidente, ao acrescentar estar ;extremamente decepcionado; com a conduta do membro da igreja. ;Ele era muito bem-visto pela comunidade, tinha sempre uma palavra confortante, além de ser muito inteligente. Estou extremamente decepcionado por se tratar de uma pessoa em quem acreditávamos;, lamentou.

Rubens é paranaense e passou a frequentar a Igreja Batista em 2000. Considerado prestativo e sempre envolvido com os trabalhos da igreja, conquistou a confiança de pastores mais antigos. Passou a ministrar aulas na escola dominical, em que crianças e adolescentes aprendem as diretrizes da religião evangélica. Destacou-se como um dos melhores alunos do curso de teologia da Faculdade Batista Central e estava no último semestre da faculdade de direito. Ele também ajudou na fundação das igrejas Batistas do Guará 2 e de Ceilândia Norte.

O Correio procurou a 1; DP, mas os policiais de plantão não passaram detalhes da ocorrência. A reportagem entrou em contato com a Divisão de Comunicação da Polícia Civil do DF, que também não conseguiu reunir dados sobre o caso.

Abusos

Na última sexta-feira, a Delegacia de Proteção a Criança e Adolescente (DPCA) prendeu Evangelista Moisés de Figueiredo, 49 anos, padre da Igreja São Francisco de Assis, situada na região de Tororó, no Jardim Botânico. Pesa contra ele a acusação de abuso contra seis crianças, entre 5 e 14 anos, por pelo menos um ano. A investigação durou três semanas. As vítimas, de origem pobre, são filhas de fiéis da igreja.

Colaborou Guilherme Goulart


O que diz a lei
; O crime de estelionato é previsto no artigo 171 do Código Penal Brasileiro como aquele em que o autor ;obtém, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento;. Pode render até cinco anos de cadeia, além de multa.

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