Cidades

Vias com menos controladores de velocidade tem maiores índices de acidentes

postado em 03/01/2012 06:35
O total de vítimas na DF-001 diminuiu depois que o DER instalou três controladores de velocidade, entre o Km 84 e o Km 89

A alta velocidade está diretamente relacionada aos acidentes graves e fatais. Para entender a associação entre o monitoramento eletrônico e as mortes nas pistas do Distrito Federal, o Correio observou o comportamento dos condutores nas vias mais violentas da capital e comparou com as de índices menores. A reportagem percorreu 250km. A conclusão é que as campeãs em tragédias têm poucos aparelhos eletrônicos, ou nenhum. Já aquelas com pardais frequentes não registraram fatalidades até outubro de 2011. Assim, mais equipamentos estão sendo instalados para reduzir a violência.

Projeto piloto feito pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) na estrada que liga Goiânia a Aparecida de Goiás, no perímetro urbano, mostrou que, seis meses após a instalação de radares e de lombadas, as colisões caíram 60%. São 34 pardais e oito redutores de velocidade em um perímetro de 26km. Deve-se fazer o mesmo nas estradas que mais matam no DF e no Entorno. Até agosto de 2012, as BRs que cruzam a capital também devem ter equipamentos nos pontos críticos. A BR-020, segunda colocada na estatística das vias que mais matam, tem pouco controle. Depois de percorrer 20km, a reportagem encontrou só dois aparelhos, um a cada 10km.

Em 30 minutos na rodovia, o difícil foi não receber farol alto ou buzinas por andar dentro da velocidade permitida, de 80km/h. No local, os condutores alcançam 120km/h e só freiam ao enxergar as placas de sinalização dos pardais. Na DF-001, estrada com o maior número de vítimas nas pistas ; até outubro, houve 39 mortes ; a postura é igual. Na curva da morte, entre Ceilândia e Brazlândia, os motoristas não hesitam em fazer ultrapassagens perigosas.

Em junho de 2011, o DER instalou três controladores de velocidade entre o Km 84 e o Km 89 da DF-001 para tentar reduzir as mortes. Depois disso, em três meses de análise, constatou-se que as tragédias diminuíram. ;Logo após a instalação, é possível ver resultados. Nesse período, a quantidade de feridos caiu de 14 para 11 e a de mortos, de dois para um. Para ter um resultado concreto, é preciso esperar um ano e monitorar o que aconteceu. Mas quando salvamos uma vida já valeu a pena;, disse o superintendente de trânsito do DER, Murilo de Melo Santos.

Segundo ele, para fazer qualquer intervenção em uma rodovia, é necessário um estudo sobre os pontos críticos. Isso foi feito na DF-001 a partir de estatísticas. No Eixão, mais oito pardais foram instalados. Para 2012, as 73 rodovias gerenciadas pelo DER, todas DFs, terão um aumento de 30% na quantidade de redutores de velocidade. Atualmente, há 350 aparelhos. A previsão é que aumente para cerca de 450.

Além disso, a fiscalização deve ser intensificada. Na Estrada Parque Núcleo Bandeirante (EPNB), onde foi implantado o primeiro corredor exclusivo para ônibus, e no Eixão, serão instaladas câmeras, controladas em uma sala. Um agente de trânsito verificará as irregularidades e avisará as equipes de rua. Hoje, o órgão conta com 55 fiscais. Mais 30 serão contratados.

Na pista em que o número de mortes caiu até outubro de 2011, segundo estimativa do Detran, há um curto intervalo entre pardais. A DF-087, que liga Vicente Pires à Estrutural, tem três quilômetros e três radares. Por lá, passam 30 mil veículos diariamente. No ano passado, nenhuma morte foi registrada. Em 2010, duas pessoas perderam a vida no local. Para melhorar os índices do Eixão, por exemplo, a pista terá 30 radares em 13,8km de extensão, o que significa um controlador a cada 700 metros.

As sete rodovias visitadas pelo Correio indicam os pardais a 200, 300 ou 500 metros dos radares. A Resolução n; 396 do Conselho Nacional de Trânsito faculta esse tipo de placa.

Segundo o professor de Engenharia de Tráfego da Universidade de Brasília (UnB) Paulo César Marques da Silva, o limite de velocidade deve ser cumprido independentemente de avisos. ;Um aparelho de fiscalização não deve ser anunciado, pois induz o raciocínio de que só se deve respeitar a velocidade onde há fiscalização.;

O presidente da Abramet, Mauro Augusto Ribeiro, diz que o controle tem de ser feito sem aviso. ;A punição é educativa. Diversos países fazem o controle aleatório.;

Perigo

Total de colisões fatais por via*:

Rodovia Acidentes com morte Extensão no DF Número de carros por dia Pontos de fiscalização
DF-001 (EPCT) 39 131,8 km 3,5 mil 66
BR-020 31 58,7 km ; ;
DF-003 (Epia) 24 36,9 km 80 mil 12
BR-070 22 21 km ; ;
BR-060 14 31,5 km ; ;
DF-085 (EPTG) 13 12 km 100 mil 11
DF-180 10 70 km 10 mil 6
DF-002 8 (até dezembro) 13,8 km 60 mil 30
DF-087 0 3 km 30 mil 6
*Dados do Detran no período de janeiro a outubro de 2011.

O que diz a lei
A Resolução n; 396, do Contran, acaba com a obrigatoriedade de avisar ao motorista onde há a fiscalização eletrônica. Nos locais onde não existe sinalização regulamentando a velocidade, os limites máximos deverão ser os fixados no artigo 61, do Código de Trânsito Brasileiro. Onde houver o medidor de velocidade fixo, o uso dos equipamentos móveis e portáteis somente poderão ser usados a uma distância mínima de 500 metros em vias urbanas e trechos de vias rurais com características de via urbana e de 2km em vias rurais e em vias de trânsito rápido. A instalação de medidores de velocidade deve ser precedida de estudo técnico.

Balanço de ano-novo
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) registrou queda no número de acidentes entre 30 de dezembro e 1; de janeiro de 2012. Ao comparar com o mesmo período do ano passado, as ocorrências diminuíram 20%. Houve 33 acidentes, com uma morte e 24 feridos. A vítima que não resistiu foi um motociclista. Ele caiu na BR-251, sentido Unaí (MG), na madrugada de domingo e bateu com a cabeça. No réveillon do ano passado, cinco pessoas perderam a vida e 33 se machucaram em um total de 41 colisões. A PRF não atendeu a capotagens ou atropelamentos graves nas rodovias BR-020 e 040, consideradas perigosas, no período. No entanto, a Operação Fim de Ano da PRF deve divulgar hoje um novo balanço.

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