Cidades

Caseiro é encontrado pela polícia e confessa ter matado ex-delegado

postado em 25/01/2012 07:07
Maurício de Sousa disse que matou por ter sido ofendido, mas a polícia trata o caso como latrocínio: pistola, celular e carro do delegado foram levados
Investigadores da 18; Delegacia de Polícia, em Brazlândia, localizaram na manhã de ontem o caseiro acusado de assassinar o delegado aposentado Elly Cordeiro dos Santos, 75 anos. Maurício de Sousa Costa, 23, foi surpreendido por volta das 7h30, na QE 40 do Guará 2. Ele confessou à polícia ter cometido o crime após se sentir ofendido com algumas palavras da vítima. O assassinato ocorreu há nove dias, na chácara onde Elly morava com a mulher, no Incra 7. A polícia trata o caso como latrocínio (roubo com morte). A pistola .380 e o celular do delegado, levados no dia, não foram localizados. Outros dois homens e dois adolescentes já haviam sido detidos, acusados da receptação do veículo, localizado horas após o crime.

Sem antecedentes criminais, o assassino confesso chegou à casa do delegado aposentado por volta das 9h do dia 16 a fim de realizar um serviço. Indicado a Elly por amigos, Maurício começou a aterrar com brita a entrada da chácara, coberta de lama. De acordo com relatos do acusado aos investigadores, o delegado aposentado teria reclamado do serviço e o ofendido com palavras. Maurício, que já havia realizado parte do trabalho, irritou-se e atingiu a cabeça de Elly com uma enxada. Ele continuou a série de agressões com uma pedra de 12kg, segundo a perícia da Polícia Civil. Depois do crime, o suspeito fugiu com a caminhonete Mahindra, uma pistola calibre .380 e um aparelho celular, todos pertencentes à vítima.

Com o apoio de delegacias especializadas, equipes da 18; DP chegaram à identidade de Maurício de Sousa e descobriram que, atualmente, o jovem prestava serviços no Guará 2. ;Ele foi preso pelos agentes hoje (ontem) de manhã, no momento em que chegava para trabalhar;, explicou a delegada-chefe da 18; DP, Ingrid Lúcia Rosário. Aos investigadores, o rapaz teria confessado o crime. De acordo com a delegada, Maurício não tem residência fixa e foi criado em uma organização não governamental (ONG) localizada no Incra 7, mesma região onde ocorreu o assassinato. Maurício, no entanto, garantiu que conheceu a vítima apenas no dia em que a matou.

Receptação

;Ele disse que se sentiu ofendido com algumas coisas que o Elly falou durante o trabalho. Mas, em um homicídio, a pessoa não foge com objetos da vítima, por isso estamos tratando o crime como latrocínio;, explicou o diretor-geral da Polícia Civil, Onofre Moraes. Segundo a corporação, Maurício tentou vender a caminhonete do delegado, mas não conseguiu e abandonou o veículo no mesmo dia. Policiais militares localizaram a Mahindra horas após o crime, com dois adolescentes, na QNN 5 de Ceilândia Norte. ;Os adolescentes informaram que compraram a caminhonete de dois moradores de rua por R$ 50 e sete pedras de crack;, explicou a delegada Ingrid Lúcia. Todos os quatro foram localizados e autuados pela receptação do veículo.

Elly Cordeiro era padrasto do administrador de Brazlândia, José Bolivar da Rocha Cruz Leite. O gestor acompanhou a investigação dos policiais e ontem, logo após a prisão, esteve na 18; DP. ;Vim agradecer aos delegados, que se empenharam no caso e fizeram um trabalho muito bom;, disse. Bolivar informou que a família está muito abalada com a crueldade do assassino. A mulher da vítima, Cristina Rocha, 62 anos, está sob os cuidados de familiares. ;Eles dois moravam sozinhos e eram muito apegados. É uma perda muito grande;, lamentou Bolivar. O administrador contou que a família nunca havia visto Maurício de Sousa. O jovem responderá por latrocínio, com pena de 20 a 30 anos de reclusão.

Aumento

De acordo com índices divulgados há duas semanas pela Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF), os crimes de latrocínio estão em alta na capital do país. A pasta ainda não revelou os números absolutos, mas informou que, no ano passado, foram registrados seis casos a mais de roubo com morte em relação ao mesmo período de 2010. Em nota, o subsecretário de Integração e Operações de Segurança Pública (Siosp) da SSP-DF, coronel Jooziel Freire, afirmou que esse tipo de crime está relacionado ao aumento da população e às melhores condições de compra e poder aquisitivo.

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