Cidades

Uma história de 32 anos no Complexo Penitenciário da Papuda

postado em 16/09/2012 09:42
Hoje com 54 anos, Luiz João da Silva (foto) viu a vida passar dentro de uma cela de seis metros. Há exatos 32 anos, ele não sabe o que é a liberdade. Seu Luiz, como é chamado respeitosamente pelos colegas de ala, é o preso mais antigo do sistema carcerário do Distrito Federal. Aos 21 anos, foi detido acusado de cometer 16 assaltos à mão armada. Em uma das ações, matou uma pessoa. Também era um conhecido traficante do DF. Ao ser detido, foi encontrado desmaiado sobre uma carreira de cocaína.

Perto de ganhar o benefício da semiliberdade, fugiu, mas ficou menos de seis meses na rua. Cometeu outro homicídio e voltou à cadeia, de onde não saiu mais. Pelo crime cometido após a fuga, não conseguiu voltar para casa ao completar 30 anos de reclusão, como prevê a legislação penal brasileira. Ainda tem mais três anos a cumprir.

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[SAIBAMAIS] A vida atrás das grades calejou Luiz João. Para sobreviver tanto tempo naquele inferno, aprendeu a desprezar o medo. ;Aqui eu vejo a morte toda hora. Nesses 32 anos, eu já vi pra mais de 50 pessoas morrerem aqui dentro. Não dá para deixar o coração mole demais;, afirma. ;Me arrependo, joguei muito tempo da minha vida fora.;

Luiz João é filho de pioneiros. Ainda criança, os pais deixaram Pernambucano e mudaram-se para a capital do país, em 1963. Luiz João cresceu e trabalhou de carpinteiro e pintor, ofícios que ele exerce dentro da Papuda. Os dois filhos, de 12 e 13 anos, foram feitos durante a fuga com duas mulheres. Ele não conhece nem um deles. Há cinco anos não recebe visitas da última ex-companheira. Mesmo assim, garante não estar abandonado. ;Tenho certeza de que minha família ainda me ama e vai me receber de braços abertos quando eu sair desse inferno;, diz. Apesar de esperançoso, ainda é incapaz de projetar seu futuro do lado de fora. ;Não sei o que vou fazer quando sair daqui.;

Veja o depoimento de Luiz João da Silva

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