Cidades

Bando explode caixa eletrônico e deixa outra bomba para trás, no Entorno

A explosão ocorreu na madrugada do dia em que a polícia apresentou "quadrilha do cançago atual"

Renato Alves
postado em 19/03/2013 17:36

A área foi isolada para o trabalho do esquadrão antibomba da Polícia Militar
Os moradores de Corumbá de Goiás, cidade do Entorno a 122 km de Brasília, acordaram na madrugada desta terça-feira (19/9) com o barulho de explosão. Quando amanheceu, eles souberam a causa. Ladrões detonaram caixas eletrônicos da agência do Banco do Brasil do município histórico, famosos pelo Salto de Corumbá. Foi o terceiro caso no mesmo prédio, em cinco meses.

O crime ocorreu por volta das 3h. O bando levou todo o dinheiro e ainda deixou para trás uma segunda bomba, não detonada. O explosivo só foi descoberto quando policiais se aproximaram da agência. "Quando viram, eles saíram correndo", conta Eber Salomão de Oliveira, 24 anos, microempresário da cidade.

Os especialistas da unidade vieram de Goiânia para retirar o artefato, sem ninguém se ferir
O assalto foi flagrado por câmeras do circuito interno de TV do banco. Nas imagens, segundo policiais militares de Goiás, aparecem dois homens no interior da agência, armando duas bombas em duas caixas distintas. Também aparece a explosão de uma delas, que danificou uma máquina de saque. É possível ainda ver um terceiro homem fora do banco.

Os PMs acreditam que o trio não detonou a segunda bomba porque, quando agia, uma viatura da corporação passou na rua de trás, fazendo barulho e espantando os ladrões. Até a publicação deste texto, o banco não havia divulgado os valores levados pelos criminosos.

O trabalho foi registrado pelo leitor Eber Salomão de Oliveira; ele enviou as fotografias que ilustram esta reportagem
Com a segunda bomba, os policiais isolaram toda a área e esperaram a chegada do esquadrão antibomba da Polícia Militar de Goiás. Vindos de Goiânia, os especialistas da unidade retiraram o artefato, sem ninguém se ferir. O trabalho foi registrado pelo leitor Eber Salomão de Oliveira, que enviou as fotografias que ilustram esta reportagem.

A mesma agência bancária foi alvo de explosão outras três vezes em três meses. A mais recente, no último 15/1. Um homem fortemente armado ficou do lado de fora do banco, enquanto outros quatro agiam no interior. Por causa do impacto da explosão, janelas ficaram quebradas e os estilhaços tomaram conta da calçada. Havia três terminais eletrônicos na agência. Um deles ficou completamente destruído. Os criminosos ainda tentaram explodir outro equipamento ao lado, mas não conseguiram. O grupo fugiu impunemente na direção de Cocalzinho.

Veja a reportagem da TV Brasília
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Quadrilha presa
A Polícia Civil goiana apresentou, na manhã desta terça-feira (19), nove homens acusados de integrar quadrilha especializada em assaltos a caixas eletrônicos. Eles são acusados de vários roubos em Goiás e Minas Gerais e de usar armamento pesado. O bando é formada por 22 pessoas. Os demais membros foram identificados e estão sendo monitorados.

A quadrilha acabou desarticulada quando se preparava para outros dois assaltos, em Barro Alto e em Padre Bernardo, sendo este no Entorno do Distrito Federal. Com os assaltantes, policiais apreenderam armas de diversos calibres, como fuzis AR 15, escopetas, mini metralhadora, pistolas de uso restrito das forças armadas, além de munições, explosivos e 11 carros usados nas ações.

Na madrugada da última sexta-feira (15), cinco homens foram presos em flagrante em um posto no Jardim Guanabara, na região norte de Goiânia. Eles foram detidos quando abasteciam o carro, para seguir para Padre Bernardo e Barro Alto.

Com os presos, a polícia encontrou mais de 100 munições de vários calibres, seis pistolas, uma submetralhadora e até um fuzil AR-15. Também foram localizados seis coletes balísticos, 11 explosivos do tipo emulsão em gel, alguns usados em pedreiras e outros vindos do Paraguai. Na casa de um dos suspeitos, foram encontradas cédulas de dinheiro rasgadas.

Com a quadrilha, a polícia ainda apreendeu um Honda Civic roubado, que era escoltado por duas caminhonetes Chevrolet S-10 regulares. O carro roubado era usado no crime e depois abandonado. A fuga era realizada nos veículos sem restrição.

Ações em série
Desde o início de 2013, 29 caixas eletrônicos foram explodidos em Goiás. O número é do Grupo Antirroubo a Banco (GAB) da Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic) da Polícia Civil goiana. Em todo o ano passado, a Polícia Civil de Goiás anotou 116 ocorrências desse tipo de crime, sendo ao menos 16 no Entorno. No total, bandidos explodiram 81 caixas em 2012, arrombaram 15 e atacaram 20 com uso de maçaricos.

Somente o bando preso nesta terça-feira é responsável por 15 explosões em 2013, segundo investigadores do GAB. A Polícia Civil confirmou a participação do grupo detido na explosão nas cidades de Goianésia (em 21/2), Itapaci (26/2), Vila Propício (03/3) e Orizona (09/3). Eles também são investigados em Minas Gerais pela explosão de caixas eletrônicos em Ituiutaba e Uberlândia, além de crimes em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Modo de agir
A quadrilha era investigada pela polícia goiana há dois meses. Além de roubos em caixas eletrônicos, o bando é suspeito de roubos em casas lotéricas e empresas de grande porte. Cada integrante tinha uma função específica nas ações.

O modo de agir dos suspeitos revela um estilo que se repete. Segundo o chefe do GAB, Valdenir Pereira da Silva, eles visitavam a cidade e faziam o reconhecimento do local e a escolhiam de rotas de fuga. Após a vistoria, escolhiam um armamento pesado, roubavam um veículo e clonavam uma placa.

Já no local da explosão, após o estrondo, dois integrantes disparavam com um fuzil contra carros e casas. "Os tiros são para intimidar a população e a polícia. É uma quadrilha do cançago atual", afirma o delegado.

A quadrilha era tão audaciosa que em algumas cidades, quando verificavam que a viatura da Polícia Militar ficava dentro do destacamento, durante a madrugada já passaram cadeado no portão do local para evitar a ação da PM.

A Polícia Civil de Goiás afirma ter identificado a ação de seis quadrilhas em roubos a caixas eletrônicos no estado.

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