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Outubro Rosa ilumina os monumentos da cidade em campanha contra o câncer

A partir de hoje, os principais monumentos da capital do país serão iluminados como forma de chamar a atenção sobre a necessidade da prevenção e do tratamento precoce da doença. Iniciativa faz parte de uma campanha mundial

postado em 01/10/2013 06:03
Luciene passou pela difícil experiência de descobrir um câncer de mama. Depois da cirurgia de reconstrução do seio, disse ter
Hoje, a partir das 18h40, as mais importantes construções de Brasília serão iluminadas em favor de uma boa causa: a prevenção contra o câncer de mama. No Outubro Rosa, a cidade vai se colorir pelo terceiro ano seguido na campanha mundial. Durante este mês, poder público e entidades vão promover ações para conscientizar e prevenir a doença, além de mostrar à população a importância do diagnóstico precoce.

À frente da Coordenação de Câncer da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES/DF), Cristina Scandiuze explica que, ao contrário do que dita o senso comum, o autoexame não é eficaz para a detecção do câncer precoce. ;É recomendado para que a mulher conheça o corpo e note mudanças, mas apenas um profissional médico qualificado pode fazer um diagnóstico depois de examinar as mamas;, alerta. Se uma mulher esperar alterações para procurar ajuda, pode ser muito tarde. ;50 e 69 anos são as idades eleitas para o rastreamento;, ressalta.

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Quem estiver nesse grupo deve se cuidar e fazer exames médicos regulares. ;Mesmo que ela (a mulher) não tenha o hábito de consultar um mastologista com frequência, deve requisitar ao profissional com quem faça consultas de rotina um pedido de mamografia;, orienta Scandiuze. A faixa etária é a mais sensível para esse tipo de câncer. Os casos em mulheres mais jovens não são frequentes, e, em vez de estarem associados à queda hormonal, explicam-se por fatores familiares. ;A mulher deve ficar atenta se a mãe, irmãs ou tias tiveram o câncer de mama ou ovário mais jovens;, diz a médica.

No caso da professora Luciene Maria de Araújo, 44, o fator genético influenciou no diagnóstico do câncer aos 38 anos. Luciene tem duas irmãs que ficaram doentes antes dela e uma outra que decidiu fazer uma cirurgia preventiva de substituição da mama. Ao perceber um caroço debaixo do braço, soube imediatamente que estava com câncer. O diagnóstico veio sem surpresa: a doença, agressiva, dava a ela 40% de chance de sobreviver. ;Meu maior medo não era de morrer lutando, mas de ir embora na espera pelo tratamento;, lembra.

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Luciene correu atrás de exames, entrou na fila de espera da cirurgia e, depois de alguns meses de tensão, conseguiu ser operada. Os médicos encontraram 12 tumores na região do seio esquerdo. A professora passou por oito sessões de quimioterapia e 28 de radioterapia. A perda dos cabelos, segundo ela, não foi tão traumática quanto esperava. ;Não sabia qual seria a minha reação ao me ver careca. Senti alívio, achei melhor do que levantar de manhã e encontrar meu cabelo no travesseiro;, afirma. Hoje, Luciene exibe cabelos com mechas loiras ; mudança radical nos fios escuros de antes do tratamento.

Reconstrução
Para a professora, perder o cabelo não foi motivo de muita tristeza. Afinal, as madeixas voltaram a crescer menos de um ano depois da cirurgia. Mas a cicatriz e a mutilação do câncer abalaram muito a autoestima da mulher. ;A reconstrução é fundamental. Não podemos ignorar o efeito psicológico que uma cirurgia como essa tem. Hoje, é inadmissível uma mulher ter câncer de mama e não poder se beneficiar da reconstrução imediata;, opina a médica Cristina Scandiuze. Atualmente, a legislação brasileira institui que a reparação do dano deve ser feita no ato da retirada do câncer, ou tão logo quanto for possível.

Usar uma roupa um pouco mais decotada foi uma conquista para Luciene. Ela ficou sem o seio esquerdo por três anos, até finalmente ter condições físicas de fazer as cirurgias de reconstrução. ;Logo quando o médico colocou a primeira bolinha de carne, eu vi o quanto isso é importante. Parece que eu nasci de novo. Isso mexe muito com a gente;, comenta.

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