Cidades

Da pompa ao abandono: W3 Sul vive dias de decadência e descaso

A principal avenida comercial da Asa Sul viveu a sua efervescência nas décadas de 1960 e 1970, bem antes da chegada dos shoppings. Mesmo assim, muitos comércios tradicionais resistem ao tempo, como restaurantes, joalherias e alfaiatarias

postado em 11/11/2013 06:02
O ar de abandono é reforçado pelo grande número de placas com anúncios de venda e aluguel de lojas

Uma avenida que já carregou o título de mais pomposa de Brasília e foi um dos principais points da capital do país. Nos tempos áureos da W3 Sul, entre as décadas de 1960 e 1970, o comércio local era intenso. Atualmente, o cenário das quadras 500 da Asa Sul é de total abandono. O movimento diminui a cada ano. Lojas fecharam ou mudaram de endereço em uma espécie de efeito cascata, que se arrasta até hoje.

Na contramão da maioria, empresários enfrentam decadência da via insistindo em manter os seus negócios abertos. Alguns oferecem os mesmos serviços, como os alfaiates e ourives, profissionais raros atualmente. Outros precisaram diversificar e se reinventar para conseguir a atenção da clientela, como os donos das bancas de revista. O Correio percorreu a avenida e conversou com vários comerciantes, alguns à beira da falência.

Percorrer a W3 Sul é imaginar Brasília no passado. A avenida parece ter ficado para trás, enquanto parte da cidade se moderniza. Os projetos de revitalização, tão discutidos, jamais saíram do papel. As calçadas, por exemplo, são as mesmas desde a inauguração do local. Por isso, grande parte está deteriorada. Uma publicidade antiga do estimulante alimentar Biotônico Fontoura resiste ao tempo na 508 Sul. A loja que revendia o produto não existe mais. Os vizinhos não sabem exatamente em que data. Por ali, quase toda a quadra é ocupada pelo Espaço Cultural Renato Russo. No restante dela, funcionam supermercado, antiquário, banco e uma unidade da Companhia Energética de Brasília (CEB).

Tradição

É impossível contar a história do comércio da W3 Sul sem citar o restaurante Roma, na 511 Sul. Criado por um italiano, em 1960, o espaço foi comprado quatro anos depois pelo belga Simon Pitel, 77 anos. O estrangeiro conta que viu várias lojas encerrarem os serviços ao longo de quase meio século. ;Aqui, na W3 Sul, tinha o supermercado Serve Bem, a Bibabô, a Itabrás, a Slaviero Magazine. Acompanhei tudo isso fechar. Um dos motivos, acredito eu, seja a falta de segurança;, enumera. Pitel diz que só consegue ;viver de tradição;. ;E vivo bem. Não me queixo. Embora nos anos 70 eu tivesse sido o rei dos restaurantes e, hoje, seja o conde;, brinca.

A matéria completa está disponível aqui para assinantes. Para assinar, clique aqui.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação