postado em 11/05/2014 08:06
Da escuta atenta e da observação perspicaz, Ronaldo de Oliveira Castro, 82 anos, fez seu ofício. Psicanalista em Brasília há mais de 50 anos, o carioca se mudou para a nova capital ao ouvir o conselho de Juscelino Kubitschek de que aqui era o lugar para jovens profissionais. Eram tempos em que poeira vermelha e solidariedade reforçavam a argamassa que erguia e urbanizava o Plano Piloto.
Cinco décadas depois, o médico dedica uma boa parte do tempo à poesia. As palavras se prestam ao entendimento de si, aos sentimentos que nutre pela família e à elaboração do luto pela morte da filha. Na definição dele, o livro Acordes do coração, lançado nesta semana, é a história dele, a do ser humano.
O título remete ao gosto pela música, revelado desde muito jovem. A mãe recitava poemas parnasianos e cantava. O pai, engenheiro e admirador de óperas, repassou os conhecimentos musicais a Ronaldo. Ele seguiu na arte e se tornou um estudioso. Apesar de toda a torcida da família para se tornar também engenheiro, o psicanalista escolheu a medicina. A fagulha que acendeu o interesse surgiu na infância, quando a mãe contava as histórias do pediatra Filgueiras Fernandes, seu avô. ;Ele foi o precursor da pediatria no país e, como não o conheci, acredito que isso tenha colaborado para a escolha;, analisa.
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