Cidades

Luiz Estevão vai para prisão onde ficam condenados de repercussão nacional

Agentes federais transferem o ex-senador e empresário para o complexo penitenciário de Tremembé, no interior de São Paulo. Defesa entrará com pedido de habeas corpus

Flávia Maia
postado em 02/10/2014 06:00

Advogados de Luiz Estevão ainda tentam fazer com que ele cumpra pena em Brasília

Por volta das 12h de ontem, uma Pajero preta deixou o prédio da Superintendência da Polícia Federal, na zona oeste de São Paulo. Escoltado por outros veículos da corporação, o carro tinha entre os ocupantes o ex-senador e empresário Luiz Estevão. O objetivo do apoio policial era cumprir a decisão da Justiça Federal de transferi-lo para o presídio de Tremembé 2, uma das quatro unidades do complexo penitenciário de Tremembé, a cerca de 140 km da capital paulista. A cadeia para onde Estevão foi levado é conhecida por abrigar condenados por crimes de repercussão nacional, como o médico Roger Abdelmassih; o casal Nardoni; e os irmãos Cravinhos e Suzane Von Richtofen.

Embora a defesa do ex-senador tente desde o último sábado articular a volta dele para o cumprimento da pena em Brasília, o pedido feito pelo advogado Marcelo Bessa, na segunda-feira, foi negado no mesmo dia pela Justiça Federal. Com a determinação judicial em mão, os agentes da Polícia Federal cumpriram a ordem de transferência. Na decisão, a Justiça determina ainda que o empresário pague as custas processuais devidas ao Estado no prazo de 15 dias, sob pena de inscrição na dívida ativa da União.

A prisão ocorrida no último sábado refere-se à condenação de 3 anos e 6 meses por falsificação de documento público. A punição pela fraude processual prescreveria hoje, 2 de outubro. Por isso, a execução da pena tinha de ser feita até essa data. Segundo a denúncia do Ministério Público Federal, Estevão alterou os livros contábeis da empreiteira que é dono, o Grupo OK. A Justiça entendeu que a adulteração do documento se deu com o objetivo de ocultar o desvio de cerca de R$ 1 bilhão da construção do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) e induzir o Poder Judiciário ao erro, de modo a liberar os bens bloqueados para ressarcimento aos cofres públicos. Além da condenação pela qual foi preso ontem, o empresário tem outras condenações, como uma de 36 anos.


DETENTOS E EX-DETENTOS DE TREMEMBÉ

Elize Matsunaga

Elize Matsunaga foi levada a Tremembé em junho de 2012 após confessar a morte e o esquartejamento do marido, o executivo da Yoki Marcos Matsunaga. Presa como a principal suspeita do crime, a bacharel em direito e técnica de enfermagem disse ter atirado no empresário durante uma discussão por causa de uma traição dele. Ela colocou os restos mortais em malas e os abandonou em Cotia, na Grande São Paulo.

Mateus da Costa Meira
Em 1999, o estudante de medicina invadiu uma sala de cinema do Morumbi Shopping, em São Paulo, e abriu fogo contra a plateia, matando três pessoas e ferindo cinco. Em 2004, foi condenado a 120 anos e seis meses de prisão, mas em 2007 teve a pena reduzida para 48 anos e nove meses. Inicialmente, foi mantido no Centro de Observação Criminológica (COC), do Complexo de Carandiru, em São Paulo, mas, entre 2002 e 2009, esteve em Tremembé. Cumpre pena na Penitenciária Lemos Brito, em Salvador.

Marcos Valério Fernandes de Souza
Marcos Valério ficou conhecido como operador do Mensalão do PT. Foi condenado por peculato (seis vezes) e corrupção ativa (duas vezes). Responde a outras 130 imputações. Marcos Valério passou três meses, entre outubro de 2008 e janeiro de 2009, na Penitenciária 2 de Tremembé, com a prisão preventiva decretada por suspeita de extorsão, fraudes fiscais e corrupção. Valério emagreceu 20kg, perdeu parte dos dentes da frente e sofreu ameaças do Primeiro Comando da Capital (PCC).

Suzane Von Richtofen e os irmãos Cravinhos
Em outubro de 2002, o casal Manfred e Marísia Von Richtofen foi encontrado morto em sua mansão, em São Paulo. Uma semana depois, a filha do casal, Suzane Von Richtofen, à época com 18 anos, confessou o crime, praticado com a intenção de ficar com a herança dos pais. Ela recebeu a ajuda do namorado, Daniel Cravinhos, e do irmão dele, Christian. Em 2006, os três foram condenados por homicídio triplamente qualificado. Suzane e os Cravinhos cumprem pena no complexo de Tremembé.

Casal Nardoni
A morte da menina Isabella Nardoni, 5 anos, ganhou repercussão nacional. Em março de 2008, ela foi jogada do sexto andar e encontrada ferida no jardim do prédio onde moravam o pai, Alexandre Nardoni, e a madrasta, Anna Carolina Jatobá, em São Paulo. Socorrida, ela não resistiu aos ferimentos e morreu. Segundo o MP, Anna Carolina agrediu Isabella dentro do carro do casal e asfixiou a menina no apartamento. Acreditando que a menina estava morta, o pai teria jogado a filha pela janela.

Limdemberg Alves Fernandes
Limdemberg Alves Fernandes também está detido no complexo de Tremembé. É acusado de manter a namorada Eloá refém no apartamento da família dela, em 13 de outubro de 2008. Eloá, 15 anos, estava no local com a amiga Nayara Rodrigues da Silva, 15, e dois colegas de escola, que foram liberados pelo condenado. O cárcere privado só foi encerrado quatro dias depois, após uma ação do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) da PM. As duas adolescentes foram baleadas. Eloá morreu dois dias depois.

Roger Abdelmassih
Um dos mais respeitados especialistas em reprodução assistida do país, Roger Abdelmassih foi preso em agosto de 2009 acusado de estupro e atentado violento ao pudor contra pacientes de sua clínica em São Paulo. Entre agosto e dezembro, o ex-médico esteve em Tremembé. Em novembro de 2010, foi condenado a 278 anos de prisão, mas ganhou o direito de aguardar em liberdade até o julgamento do recurso. Em agosto, Abdelmassih foi encontrado no Paraguai e levado para Tremembé.

Antônio Pimenta Neves
O jornalista Antônio Pimenta Neves chegou a Tremembé em 2011, mais de 10 anos depois do assassinato da ex-namorada Sandra Gomide. Pelo crime, cometido em um haras em Ibiúna, no interior de São Paulo, ele foi condenado a 15 anos de prisão. Pimenta Neves confessou o crime alegando que Sandra o traía. Mesmo após a condenação, em 2006, o jornalista ganhou o direito de recorrer da sentença em liberdade. Em maio de 2011, o Supremo Tribunal Federal (STF) negou o último recurso possível e determinou a prisão imediata dele, localizado em casa.

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