Cidades

Mulher pede ajuda por SMS e escapa de sequestro se fingindo de morta

A gerente comercial de um banco de Santo Antônio do Descoberto, o marido e o filho dela passaram 15 horas de medo ao serem sequestrados em casa. Acidente de carro determinou o fim da tensão

Flávia Maia
postado em 11/10/2014 10:35
O veículo guiado pelos bandidos capotou em uma estrada de terra
A família da gerente comercial de um banco de Santo Antônio do Descoberto (GO) viveu 15 horas de pânico após ser sequestrada e mantida refém. Por volta das 19h de quinta-feira, a mulher, de 44 anos, chegava em casa, no Recanto das Emas, quando foi abordada ainda em um Kia Sportage pelos criminosos. Eles invadiram a casa da funcionária e ficaram no local até a chegada do marido, de 39, e do filho dela, de 17. Segundo amigos e parentes que estiveram na residência após o sequestro, os bandidos jantaram no local. ;Estava muito bagunçada, toda revirada e tinha metade de um frango assado, como se tivessem jantado lá;, comentou um conhecido das vítimas.

Com a família rendida, os bandidos deixaram o local ainda durante a noite. Sem que os sequestradores percebessem, a bancária conseguiu mandar uma mensagem para uma amiga com a frase: ;polícia, polícia;. A mulher, então, repassou a informação para um sargento da Polícia Militar, colega de igreja das vítimas, e começou a busca pelos três. A Delegacia de Repressão a Sequestros (DRS) no DF e a Polícia Civil goiana entraram no caso.

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Os investigadores tentam identificar em que lugar os bandidos e os familiares passaram a madrugada. Por volta das 10h do dia seguinte, a Polícia Militar de Goiás encontrou a mulher e um carro capotado na via vicinal 231, que liga Santo Antônio do Descoberto ao Setor O, em Ceilândia. O veículo estava no sentido de Santo Antônio do Descoberto. É possível que o acidente tenha acontecido a caminho do banco. Mas fontes ouvidas pelo Correio informam que há dúvidas se os sequestradores pretendiam arriscar a troca da gerente comercial por outro funcionário, uma vez que ela não tem acesso ao cofre.

Segundo informações da Polícia Civil de Goiás, após a capotagem, a gerente machucou a cabeça. Ela relatou aos investigadores que se fingiu de morta para despistar os bandidos ; o marido e o filho dela também estavam no veículo. Dentro do carro, havia luvas, roupas camufladas e balaclavas. Ela acrescentou que os criminosos roubaram a caminhonete de um chacareiro que passava pela estrada de terra e, em seguida, deixaram o local com os dois, abandonando a mulher.

Após ser resgatada, a bancária e agentes das polícias Civil e Militar do DF saíram em busca das outras vítimas. Um helicóptero foi usado para sobrevoar a região em busca de um possível cativeiro. Depois de encontrados, o marido dela e o enteado contaram que os bandidos seguiram mais um tempo no veículo roubado do chacareiro e, depois, foram abandonados em um local conhecido como Região dos Coqueiros, próximo ao Córrego das Cascalheiras, na zona rural do município goiano.

Os dois ficaram amarrados com algemas de nylon às árvores e usaram os dentes para se libertar. Em seguida, partiram em direção ao Parque Estrela D;Alva 12, bairro de Santo Antônio do Descoberto, onde moram alguns parentes do homem. ;A gente viu alguém correndo na rua. Quando vimos, era ele. A gente não acreditava. Ficamos muito felizes. Passamos a noite toda acordados e fazendo as nossas próprias buscas pela região;, afirmou uma irmã.

Em seguida, a família comunicou à Polícia Militar que os dois haviam conseguido escapar dos bandidos. Da delegacia de Santo Antônio do Descoberto, onde parte dos parentes do marido da gerente comercial o aguardava, seguiram para a DRS, em Brasília. Ainda em estado de choque, preferiram não dar entrevistas. A mulher dele, que ajudava nas buscas, também foi levada para a unidade da Polícia Civil do DF, onde reencontrou os dois familiares.

Até o fechamento da edição, os criminosos não tinham sido identificados nem presos. A DRS informou, por meio da Divisão de Comunicação, que se pronunciará ;no momento oportuno, de forma a não atrapalhar as investigações;. O Banco Itaú, onde a gerente comercial trabalha, informou ao Correio que a instituição contribui com as autoridades para ajudar na apuração do caso.

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