Cidades

Pedalar no Distrito Federal ainda é uma atividade arriscada

Ciclista narra os perigos de andar de bicicleta na cidade. Falta de respeito dos motoristas é o que mais incomoda

Adriana Bernardes
postado em 12/10/2014 11:39
Há seis anos, Mateus Alves Neves passou a enxergar o trânsito de uma forma diferente e escolheu a bicicleta como principal meio de transporte, apesar da reprovação dos pais. ;Meu pai quis pagar a gasolina para eu desistir da ideia de ir trabalhar de bicicleta, mas tento explicar que é uma ideologia;, afirmou o rapaz. Diante da família, Mateus adota um discurso otimista, mas, sabe que, no fundo, a preocupação faz sentido. ;Bate uma dor no peito toda vez que a gente vê um ciclista morto no trânsito. Às vezes, dá vontade de desistir, mas eu estaria me rendendo ao sistema, que prioriza o carro. Minha luta pode ser quase invisível, mas ela vale a pena;, disse. Matheus já foi atropelado, mas, por sorte, sofreu apenas arranhões.

De segunda a sexta-feira pela manhã, o jovem sai de casa, na QNJ 43, em Taguatinga Norte, e pedala cerca de 4,5km até a estação de metrô Centro Metropolitano. Ele desembarca na estação Galeria (Plano Piloto) e, de lá, segue por mais 6km pela W3 até chegar à 112 Norte, onde trabalha. Durante o percurso acompanhado pela reportagem, ele recebeu buzinadas de motoristas impacientes e passou sufoco ao ter que desviar de um ônibus em alta velocidade.

Além da falta de educação dos condutores, Mateus relata problemas até mesmo onde existem ciclovias. Ele explica que, em muitas pistas exclusivas, os material usado é de baixa qualidade, o que acaba desgastando mais a bicicleta, além de ser um risco para a saúde. ;No Plano Piloto tem muita ciclovia, mas o concreto faz com que a bicicleta trepide muito. Quem usa diariamente pode ter problemas na coluna. Para não correr esses riscos, acabo andando pela via;, revela.

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