Cidades

Número de idosos inscritos no Enem cresce 42% em relação ao ano passado

Eles somam 15,5 mil nesta edição e se destacam entre os concorrentes pela dedicação e pelo esforço para superar as dificuldades

postado em 29/10/2014 06:33
Francisco quer cursar arquitetura e José de Arimatéia, engenharia mecânica: em busca de uma vida melhor
Depois de passar 40 anos fora das salas de aula, o aluno do 3; ano da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e mecânico aposentado José de Arimatéia Falcão, 61 anos, passa as noites no Centro de Ensino Médio (CEM) n; 1 de Sobradinho para alcançar as metas de terminar o ensino médio e se tornar engenheiro mecânico. ;Eu quero insistir para ver se consigo realizar meu sonho de fazer uma faculdade e vejo o Enem como uma maneira mais prática de conseguir isso;, diz entusiasmado. Seu Ari, como gosta de ser chamado, faz parte do grupo de 15,5 mil pessoas acima de 60 anos que se inscreveram para fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em 8 e 9 de novembro. Desde 2009, o número de inscritos dessa faixa etária mais que triplicou.

O tempo afastado dos estudos e as mudanças no corpo que a vida impõe são as principais dificuldades que José de Arimatéia aponta para conseguir um bom desempenho no exame. ;Desde que parei de estudar, a forma de ensinar mudou muito. Outra dificuldade que sinto é por conta da idade. É fato que meu raciocínio é diferente do desses garotos moços, mas minha vantagem é a vontade de aprender;, avalia. O problema enfrentado pelo colega de classe de José é conciliar o trabalho com os estudos. ;A dificuldade maior é por causa do trabalho. O cansaço atrapalha muito, mas a força de vontade é maior;, afirma Francisco Piauí da Silva, 58 anos, também aluno do 3; ano da EJA do CEM n; 1 de Sobradinho. O trabalhador da construção civil se inscreveu no Enem para conseguir uma vaga em arquitetura.

Mesmo que Piauí não faça parte das estatísticas de idosos que se inscreveram no Enem, ele e José de Arimatéia servem de inspiração para os colegas mais novos que dividem a mesma sala de aula. ;Eles são exemplos porque mostram que não há idade para estudar;, diz Izabela Freitas, 18 anos. ;Do mesmo jeito que a gente está aprendendo com eles, por meio da experiência e do conhecimento que nos passam, eles aprendem com a gente. É um ajudando o outro. Estamos no mesmo rumo tentando terminar o ensino médio e buscando algo melhor;, conta Letícia de Souza, 19. ;Mesmo diante das dificuldades do tempo que eles deixaram de estudar, eles não ficam distantes da turma. Eles se destacam pelo esforço;, afirma o professor de geografia Eduardo Borges.

A matéria completa está disponível , para assinantes. Para assinar, clique .

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação