Luiz Calcagno
postado em 07/11/2014 06:00
Modificar a função das edificações após a retirada do habite-se é uma prática comum no Setor Complementar de Indústria e Abastecimento (Scia). A irregularidade ocorre especificamente na Cidade do Automóvel. A lei de uso do solo da região só permite prédios comerciais. No entanto, proprietários reformam as salas e as alugam como quitinetes. Sem medo da fiscalização, colocam até faixa anunciando vaga. Há quem pague água mais cara, por conta da localização, ou condomínios que proíbam os moradores de cozinhar nos apartamentos, pois não há caixa de gordura em alguns edifícios. A reportagem do Correio Braziliense percorreu seis ruas da região e se deparou com a ilegalidade em todas elas.
Moradores, proprietários e funcionários de prédios com quitinetes anunciam preços que variam de R$ 500 a R$ 1 mil. O primeiro local visitado pela reportagem foi uma revenda com dois prédios no Conjunto 2 da Quadra 15. Uma funcionária mostrou uma sala no edifício principal, ampla, com pia e banheiro, no valor de R$ 1 mil, e duas na segunda edificação por R$ 900. Uma delas estava em reforma, sem o chuveiro, e a outra, pronta. Primeiro, ela perguntou quantas pessoas morariam no local, e depois falou das regras. ;Só não pode cozinhar. Não temos caixa de gordura.;
O local foi construído sem a caixa de gordura justamente porque o projeto é exclusivamente comercial. É uma exigência da Administração Regional do Scia para coibir a irregularidade. Mais à frente, ainda no Conjunto 2, a reportagem entrou no edifício que sedia uma financeira. Um funcionário ligou para o proprietário do prédio e foi informado de que todos os apartamentos estavam alugados. Em seguida, ele comentou, sem se identificar, que já tinha morado no local. ;Eu já morei aqui nesse prédio. É muito bom. O problema é o fim de semana. O local fica deserto. Não tem ninguém na rua. Mas é seguro. Nunca foi assaltado e não conheço ninguém que tenha sido.;
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