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Oscar Niemeyer - O Distrito Federal à espera por obras inéditas

A segunda ponte do Lago Norte e o Sambódromo de Ceilândia são dois dos projetos deixados pelo arquiteto para a capital. Além de valorizar as ideias do mestre para a cidade, especialistas pedem que o legado dele, morto há dois anos, seja mais bem cuidado

Adriana Bernardes
postado em 05/12/2014 06:00
Niemeyer fez projeto para capela em Planaltina a pedido da comunidade
;Não tentem imitar o Oscar (Niemeyer). Ele tem uma obra absolutamente original. Se ele cometer um erro, ficará diluído na obra dele. Mas se vocês cometerem um erro, isso será um erro eterno na carreira de vocês.; O arquiteto e professor emérito pela Faculdade de Arquitetura da Universidade de Brasília (UnB) Carlos Coutinho ouviu o conselho ainda nos bancos da universidade, em Minas Gerais, e o tomou como lição para a vida toda. Hoje, quando se completam dois anos da morte do gênio da arquitetura moderna, ele reproduz o que ouviu na juventude e sentencia: ;Com a partida de Oscar, fechou-se um ciclo da arquitetura como ele a concebia. Exatamente por ser única, a obra de Niemeyer em Brasília precisa ser preservada;.

O maior ícone brasileiro da arquitetura moderna tornou Brasília um museu a céu aberto (confira na arte acima). Antes de morrer, deixou, pelo menos, cinco projetos prontos para a capital: a segunda ponte do Lago Norte, a polêmica Praça do Povo, o Sambódromo em Ceilândia, o Museu Internacional das Águas e a Capelinha de Planaltina.

O governador Agnelo Queiroz prometeu que a ponte seria executada em 2013, mas ela não saiu do papel. O desenho original prevê um caminho que cortaria a Península Norte ao meio. A passagem sairia do Setor de Clubes Norte, na altura UnB, e chegaria ao Lago Norte, entre as QLs 8 e 10. Do outro lado, sairia entre os conjuntos 4 e 7 da QL 7 e iria até a ML 3, entre os conjuntos 2 e 3.

A Praça do Povo provocou reações opostas quando teve o projeto surgiu. Ela seria erguida no gramado central da Esplanada dos Ministérios, logo abaixo da Rodoviária. O monumento tinha inauguração prevista para abril de 2010, no aniversário de 50 anos da capital. Seriam dois prédios: o Memorial dos Ex-presidentes e um museu para exposições, sob um anguloso obelisco de 100 metros de altura. Haveria um estacionamento subterrâneo para 3 mil carros. Foi engavetado após críticas de arquitetos e urbanistas. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) avaliou que a praça feriria o tombamento.

Silvestre Gorgulho, jornalista e amigo de Niemeyer, diz que o governo já pagou pelo projeto do Sambódromo e da Praça do Povo. ;Já o projeto da ponte é de 1986. Primeiro não foi feito porque os moradores não queriam. Vencida a resistência da população, foi pedido para ele ampliar para três pistas de cada lado, mais uma ciclovia. Mas está pronto.; O arquiteto também projetou um uma igreja para Planaltina após receber uma carta da comunidade, em 2012, relatando que a encenação do Morro da Capelinha faria 40 anos e era um marco da cultura no DF. E, por fim, o Museu Internacional das Águas do DF (Mina).

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