Cidades

Blocos do último dia de festa no DF reúnem mais de 62 mil pessoas

Para alguns, o fim do carnaval e a intensificação do trabalho são aguardados. Mas a maioria lamentou o fim da folia, sem tristeza

Especial para o Correio
postado em 18/02/2015 06:16
;Pra tudo se acabar na quarta-feira;, diz a letra do samba de Vinicius de Moraes. Mesmo sem se deixar contaminar pela melancolia de fim do carnaval, as mais de 62 mil pessoas que saíram para brincar ontem nas ruas de Brasília já falavam das preocupações que as esperam a partir de hoje. Em clima de despedida, o analista ambiental Rafael Macedo, 35 anos, foi com a namorada Paula Padovani, 25, ao Rejunta meu Bulcão, na 201 Norte, que até o fim da noite reuniu 1.200 pessoas. Na próxima semana, ele vai se mudar para Porto Alegre, para fazer mestrado em meteorologia e sensoreamento. Paula não poderá ir, pois está prestes a começar as aulas de graduação em gestão pública. Para se verem, um dos dois terá de embarcar em um avião nos fins de semana.

Arrumando as coisas que terá de levar para o Sul, Rafael não pôde sair para a folia todos os dias, e acabou perdendo os blocos Tesourinha e Pacotão. ;Neste ano, teve de ser mais tranquilo;, disse o brasiliense criado em Natal, que passa o carnaval pela segunda vez aqui. ;No próximo ano, provavelmente vamos para outro lugar;, comentou. Uns saem e outros chegam. Barbara Rodrigues, 24 anos, mudou-se do Rio de Janeiro para Brasília no início do ano e pretende se dedicar com afinco à preparação para concursos ; ela não sabe ainda o que tentará. ;Depois do carnaval, será só estudo, estudo e estudo;, disse ela, que entrou na folia dos blocos Baratona e Raparigueiros ; com cerca de 50 mil foliões. Os grupos se concentraram à tarde no Eixão, entre a 206 Sul e a 106 Sul, e de lá seguiram, à noite, para o Museu Nacional.

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Mal se instalou na cidade, Barbara já namora Edvaldo Vieira, 27, técnico de rede. Ele pretende se dedicar mais à profissão neste ano. ;Quero ganhar dinheiro para me casar;, arriscou, com bom humor, ao lado de Barbara. Ela aprovou a experiência no carnaval candango. ;É bem diferente do que há no Rio. Tem menos gente, mas é mais seguro;.



Para alguns, o fim do carnaval e a intensificação do trabalho são aguardados ansiosamente. No Pacotão ; que teve 10 mil participantes ;, as artesãs Marina Muniz, 55 anos, e Valéria Cipriani, 52, esperam que o ano finalmente comece com o fim do carnaval para incrementar as vendas das peças que produzem. ;Até agora, o movimento foi fraco neste ano. Ninguém voltou à vida normal. Esperamos um bom resultado da Páscoa, que exige dois meses de preparação prévia para atender à demanda;, explicou Marina. Segundo ela, não entrou nada no caixa ainda em 2015. ;No início de ano, não adianta nem abrir o comércio. Não vende nada. Eu só gastei dinheiro até agora;.

A vontade de voltar a acordar cedo e levar uma vida produtiva a partir de agora é ainda maior para quem está em busca de emprego. Após 12 anos fora do país, Cleudair Cândido, 38, pretende se dedicar à procura de uma vaga hoje mesmo. ;Vou voltar para o ritmo de trabalho, me acostumar de novo ao mercado brasileiro;, conta. Morador de Anápolis (GO), ele veio para o DF pular o carnaval no bloco Meninos de Ceilândia, que contou com 1.400 foliões, junto ao irmão Júlio Cândido, 40, que mora na cidade. Também morador de Ceilândia, Paulo César, 37, pulou o carnaval já pensando em procurar emprego a partir de hoje. ;Quero organizar minha vida, mudar tudo;, apontou ele, desempregado há cinco anos.

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