Cidades

O brasiliense e o uso sustentável da água em tempo de crise hídrica no país

Aproveitamento da chuva e adoção de nascentes são algumas iniciativas. Em tempo de escassez, o maior desafio do poder público e do consumidor é encontrar saídas para evitar colapso no abastecimento

Paloma Batista, Flávia Maia
postado em 26/02/2015 10:40
Elieje Cola Altoé plantou 522 mudas de árvores do cerrado próximo à nascente do sítio onde mora: pela primeira vez, a mina de água jorrou o ano todo

A crise hídrica vivida pelo Sudeste fez com que outras regiões brasileiras repensassem o uso da água de modo que o recurso dê para todos. Embora contribua com 16% das reservas nacionais, o Centro-Oeste brasileiro também precisa planejar o uso sustentável da água para evitar colapsos. De um lado, o abastecimento das cidades é prioritário; do outro, a água é matriz vital para a agricultura e de suma importância nos processos industriais. Por isso, a discussão do uso da água precisa estar não só na pauta do poder público, mas também nos debates do setor produtivo e nos hábitos da população.

O desafio de dividir a água de maneira sustentável torna-se crucial, ainda mais em regiões como o Distrito Federal, com oferta pequena e consumo alto, conforme o Correio tem mostrado em série de reportagens. Em períodos de escassez, o valor econômico da água cresce. Nos últimos cinco anos, a tarifa praticada pela Companhia de Saneamento Ambiental (Caesb) não parou de subir. Para compensar, a empresa cobra menos de quem gasta menos. ;As pessoas esquecem que, em tempos de alta nos preços da água e crise hídrica, economizar vai trazer reduções na própria conta. A sociedade tem que tomar consciência sobre a importância do reuso da água;, defende Marcelo Gonçalves Resende, professor de engenharia ambiental e sanitária da Universidade Católica de Brasília.

Na zona rural, há discussão sobre o pagamento das águas de rios usadas por produtores. ;A cobrança nas áreas rurais está na boca do forno;, afirma Diógenes Mortari, diretor da Agência Reguladora de Águas. Os comitês gestores de bacias serão os responsáveis por fixar os preços. Em regiões do interior de São Paulo, as tarifas já são praticadas.

Mas, além de sentir no bolso, especialistas apontam que a educação ambiental é essencial como política pública. ;Existem dois tipos de políticas: a do porrete e a da cenoura. A do porrete são as multas; a da cenoura são os estímulos para quem ajuda a preservar;, comenta Henrique Marinho Leite Chaves, professor de manejo de bacias hidrográficas da Universidade de Brasília. ;Por isso, projetos, como o Produtor de Águas, que ajudam quem está preservando, são mais interessantes;, complementa.

Leonardo Avaloni cavou três lagos para acumular a água da chuva, que alimenta até a piscina da casa

O Produtor de Águas é uma iniciativa da Agência Nacional de Águas (ANA) e, no DF, é desenvolvido na Sub-bacia do Pipiripau, em Planaltina, região com alto índice de desmatamento e que precisa ser preservado porque faz abastecimento urbano e rural. O projeto funciona da seguinte maneira: o produtor recupera a região de nascentes e recebe uma ajuda de custo por hectare preservado. A iniciativa conta com 130 participantes, sendo que 17 recebem auxílio de R$ 3 mil a R$ 4 mil.

Nascentes
Outro programa com foco de preservação dos mananciais é o Adote uma Nascente, do Instituto Brasília Ambiental (Ibram). O produtor rural interessado recebe as mudas e as planta próximo à nascente que existe dentro da propriedade. A produtora Elieje Cola Altoé, 49 anos, tem uma chácara de 36 hectares, no Núcleo Rural Tabatinga, em Planaltina, e participa do projeto desde 2006. Já foram plantadas 522 mudas de árvores do cerrado em um hectare próximo à nascente do sítio, e os resultados do reflorestamento começam a aparecer. ;Moramos aqui há 29 anos e, em 2014, foi o primeiro ano que a mina de água jorrou o ano todo. Geralmente, ela sumia no período da seca;, conta a produtora.

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