Brasília nasceu e cresceu como a capital das oportunidades. E foi isso o que atraiu o goiano Cássio Carrijo, 25 anos. Ao desembarcar de mala e cuia na Asa Norte, há um ano, o estudante de ciência política nem imaginava o impacto que a diferença cultural no trânsito teria na rotina dele. Até hoje, respeitar a faixa de pedestre é um desafio a ser vencido. Mas a dificuldade não para por aí. Sempre que volta para Goiânia, ele vive o dilema de parar ou não para quem está a pé. Na maioria das vezes, segue em frente, mesmo contra a vontade.
Cássio conta que o hábito do brasiliense de dar prioridade ao pedestre na faixa provocou nele um misto de espanto e admiração. ;No começo, eu tinha a reação automática de não parar, mesmo quando o pedestre acenava. Mas, sempre que isso acontecia, eu me sentia muito mal ;, conta. O esquecimento tem sido menos frequente. O drama maior agora é quando volta para Goiânia. ;Lá, eu quero parar e não posso, porque o carro de trás vai bater no meu e o risco para o pedestre é maior;, compara.
As dificuldades de Cássio se estendem a uma multidão de forasteiros. O Distrito Federal tem 2,7 milhões de habitantes e metade deles são de outros estados, segundo a Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (Pdad-DF) de 2013. Muitos vieram para construir a cidade. Outros tantos chegam aos montes a cada quatro anos para ocupar cargos no Congresso Nacional e nas diferentes esferas do governo. Sem falar os que vêm, a exemplo de Cássio, estudar. Para os recém-chegados, não há campanhas de massa orientando sobre o respeito à faixa. Essa parcela que vai compondo a nova população flutuante de Brasília conta, no máximo, com a boa vontade de quem já vive aqui de alertar sobre o exemplo de cidadania ; como mostra a quinta reportagem da série ;Maioridade da faixa de pedestres;.
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