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Bebê com problema no coração não precisará mais de transplante

Há oito meses morando em São Paulo para o tratamento de uma cardiopatia, Júlia, de 1 ano e 4 meses, retorna para Brasília curada. E o melhor: ela não precisou fazer o transplante de coração, inicialmente cogitado pelos médicos

postado em 11/04/2015 16:18
Júlia com os pais, Letícia e César, e o irmão, Gabriel: mobilização nas redes sociais para ajudar no tratamento

A pequena Júlia Assumpção de Siqueira voltou ontem para Brasília após seis meses internada no Incor, em São Paulo, para o tratamento de cardiomiopatia dilatada, que aumentou o coração da menina de 1 ano e 4 meses em seis vezes. Inicialmente, a solução para o caso seria o transplante, o que não aconteceu. Inexplicavelmente, a menina foi curada e o tamanho do coração diminuiu. A sexta-feira foi marcada pela comemoração do regresso de Júlia Coração Valente, como ficou conhecida.

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Na casa da menina, na Asa Norte, o sentimento era de alegria e agradecimento. Júlia, enfim, voltaria a dormir na própria cama após oito meses longe de casa. ;Temos vivido a gratidão desde quando ela melhorou. Faltava completar a felicidade com a volta para casa;, contou César Augusto de Siqueira, 35, pai da menina. Durante o tempo da internação, o analista de sistemas se dividiu entre as duas cidades.

A mãe de Júlia, a servidora pública Letícia Assumpção, 35, acompanhou diariamente a doença e a evolução da menina. ;No início, eu chegava chorando ao hospital, mas, quando via minha filha alegre, percebia que não tinha motivos para estar triste. Nunca pensei que ela não superaria.; A família alugou um apartamento em São Paulo, que serviu de base durante a estadia.

Júlia tem um irmão, Gabriel, de 5 anos, que ficou em Brasília durante o tratamento. Os familiares se revezaram para cuidar do garoto. ;Era um esforço de todos. A família toda foi envolvida no tratamento. Todos ajudavam como podiam;, ressalta a administradora Cláudia Siqueira, 41, tia de Júlia.

A menina toma 14 medicações diariamente e continuará o tratamento. Ela será acompanhada por médicos aqui em Brasília e, uma vez por mês, fará uma consulta com a equipe do Incor, em São Paulo. A primeira visita está marcada para a primeira semana de maio.

O cardiologista e ex-presidente da Sociedade de Cardiologia de Brasília Renault Ribeiro Junior explica que a maioria das crianças que desenvolve a cardiomiopatia dilatada tem a doença causada por algum vírus que se aloja no coração, resultando primeiro em uma infecção, que pode evoluir para a dilatação do órgão. Nos adultos, a maior causa da patologia está relacionada ao consumo excessivo de álcool. ;A cardiomiopatia dilatada torna o coração insuficiente, causando um enfraquecimento do movimento de contração dos ventrículos. O tratamento é centralizado nessa insuficiência;, esclarece.

Solidariedade
Os momentos no hospital foram registrados pela família e compartilhados com milhares de seguidores numa rede social. A família fez uma campanha pela internet para arrecadar dinheiro para os custos com o tratamento e a estadia da família em São Paulo. Ao todo, foram R$ 100 mil levantados, além de milhares de curtidas e compartilhamentos. ;A repercussão me surpreendeu. A página ajudou também na doação de órgãos. Várias crianças receberam órgãos que não foram compatíveis com a Júlia;, observa Cláudia.

Para saber maisCausas desconhecidasA cardiomiopatia dilatada (CMD) é uma doença de causas desconhecidas. Ela se caracteriza por uma diminuição na contratilidade (habilidade de contração) do ventrículo esquerdo ou dos dois ventrículos. Homens e pessoas negras têm 2,5 vezes mais chances de ter a doença. Em cerca de 20% dos casos, os pacientes apresentam histórico familiar, mas a relação genética ainda não foi comprovada. O sintoma mais comum é insuficiência cardíaca esquerda com dispneia (falta de ar) progressiva.

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