Cidades

Ministério Público investiga segurança de partos domiciliares no DF

Casos de morte e de sequela em procedimentos realizados em residências fazem com que o MP apure falta de informações de profissionais aos pais e falhas nos atendimentos. Conselhos afirmam que pacientes devem ter consciência dos riscos

Luiz Calcagno
postado em 17/04/2015 06:02

Casos de morte e de sequela em procedimentos realizados em residências fazem com que o MP apure falta de informações de profissionais aos pais e falhas nos atendimentos. Conselhos afirmam que pacientes devem ter consciência dos riscos

O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) investiga dois casos de partos domiciliares planejados em que um bebê morreu e o outro ficou com sequelas neurológicas. Os episódios provocaram o debate sobre a segurança do tipo de parto. Não há um consenso sobre o método, mas o acompanhamento do obstetra e a saúde da mãe e do bebê são fundamentais na hora da decisão, seja ela dos profissionais, seja dos pais. Em qualquer situação, também é essencial uma estrutura para garantir a segurança do procedimento.

No momento de optar pelo tipo de parto, é importante conhecer os prós e os contras, e tomar decisões com base em informações, e não em propagandas e expectativas. Essa é a opinião das duas famílias ouvidas pelo Ministério Público e que conversaram com o Correio. Em ambos os casos, mães e pais reclamam de negligência por parte da responsável por acompanhar o procedimento. Segundo a funcionária pública Marina*, 30 anos, mãe do bebê que ficou com sequelas, a médica pediu que a doula intermediasse o contato com a parturiente. Por conversas de WhatsApp durante a madrugada de 27 de julho, a pessoa contratada para apoiá-la disse que a mulher, já com contrações, deveria esperar até o dia seguinte. Isso porque era importante que a equipe estivesse descansada para o parto da paciente. O bebê, no entanto, nasceu antes do planejado.

O filho de Marina e do marido, Alexandre*, 29 anos, estava sentado no útero, uma posição em que não é recomendável nem para o parto natural. A obstetra, contudo, teria dito ao casal que isso era ;apenas um tabu;. Como no início do trabalho de parto ninguém esteve presente, os pais ficaram sozinhos. Pela posição do neném, a cabeça era a última parte do corpo a sair, mas as contrações pararam justamente nessa hora. O recém-nascido ficou preso, com pés e braços para fora. Por volta de 7h30, quando a obstetra chegou, teve que retirar o bebê com as mãos. Ele já não respirava.

Após 10 horas de tentativas para manter a criança viva, a obstetra decidiu levar a criança para um hospital particular em Taguatinga. ;Eles (a equipe responsável pela parturiente) pediram que não conversássemos com outros obstetras e também para mentirnos sobre a hora do nascimento. Disseram que se os médicos soubessem que tínhamos feito um parto domiciliar, tratariam meu filho de uma forma diferente;, relatou Marina. O bebê ficou 43 dias em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neo-natal.

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