Cidades

Ao menos 350 motoristas fazem transporte pirata no Distrito Federal

Bem articulados, eles se comunicam por rede social e delimitam áreas. Dos flagrados cometendo a ilegalidade, pelo menos 60% tinham passagem pela polícia por vários crimes

Isa Stacciarini
postado em 13/06/2015 08:02

Nos três dias de greve dos rodoviários, o transporte pirata chegava a cobrar R$ 20 por uma corrida

Durante os três dias de greve dos rodoviários, no início da semana, eles dominaram as ruas do DF. Os condutores de transporte pirata circularam livremente nas regiões administrativas e no Plano Piloto. Chegavam a cobrar R$ 20 pela passagem. Mas, no dia a dia, a irregularidade também transita maquiada como transporte. A Secretaria de Mobilidade do DF estima que existam mais de 350 veículos piratas entre vans e ônibus. Sem contar a grande quantidade de carros de passeio, que foge do controle de estimativas. Na clandestinidade, misturam-se servidores públicos, policiais militares do Distrito Federal e do Entorno, pessoas com antecedentes criminais, cidadãos comuns e rodoviários que tentam dinheiro extra para complementar a renda. As informações foram confirmadas por pessoas que atuam na área.

Bem articulados, motoristas piratas se comunicam, na maioria dos casos, por meio de grupos de WhatsApp. O nível de organização é tanto que eles se dividem entre regiões e áreas. À medida que são flagrados nas ações de órgãos fiscalizadores, transmitem a mensagem aos colegas de trabalho. Dados da Secretaria de Mobilidade confirmam que cerca de 60% dos conduzidos à delegacia por transporte irregular de passageiros têm passagens criminais constatadas pela Polícia Civil pelos mais diversos crimes. Entre eles, estão envolvidos em homicídio, estupro, aliciamento de crianças e adolescentes, roubo, furto, porte ilegal de arma, dano ao patrimônio público e ameaça. Fontes ligadas ao Correio confirmam que, em alguns casos, envolvidos no esquema ilegal cumprem penas alternativas de prisão.

Os veículos variam desde carros de passeio, ônibus, vans, até veículos fretados e aqueles do sistema de transporte rural e semi-urbano do Entorno. Com a greve de ônibus, um estudante universitário de 22 anos embarcou em um carro de passeio que oferecia o trajeto do Sudoeste à Universidade de Brasília (UnB). No caminho, ouviu a história do motorista, que há 20 anos faz transporte pirata na região do Cruzeiro, Sudoeste e Rodoviária do Plano Piloto e, com o dinheiro, sustenta a família. ;Ele contou que não cobrava mais de R$ 3 pela passagem, porque acha um absurdo;, disse. Nos dias de paralisação, a servidora pública Cristina Pereira Alves, 37 anos, enfrentou dificuldades. Ela mora em Sobradinho e teve de pagar R$ 5 para ir até o trabalho, em Planaltina. ;Na volta, é ainda mais difícil porque os motoristas dos piratas cobram mais caro. A sorte é que eu retorno para casa de carona. É difícil achar ônibus;, lamentou.

O subsecretário de Fiscalização, Auditoria e Controle, Fernando Pires, explicou que, do início do ano até agora, 265 autos de infração foram aplicados por transporte irregular de passageiros. Do total, auditores levaram para delegacias 123 motoristas e cobradores. Cinquenta e um deles assinaram termo circunstanciado por exercício ilegal da profissão. Em 2014, foram lavrados 233 autos de infração. A multa para quem faz transporte ilegal é de R$ 2 mil. Após a primeira reincidência, o valor passa para R$ 3 mil e, se a mesma pessoa for flagrada pela terceira vez, a penalidade é de R$ 5 mil.

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