Cidades

Desrespeito ao tombamento de Brasília atrapalha mobilidade do cidadão

Medidas fazem com que a área central perca algumas das principais características originais. Os puxadinhos segue como um problema para o GDF

Helena Mader
postado em 15/06/2015 06:00

Flagrante de puxadinho no comércio das quadras 402/403 Sul: estrutura erguida entre dois blocos desrespeita a legislação e atrapalha a passagem de pedestres

Puxadinhos, comércio nas quadras 700, quiosques, falta de estacionamento. Os pequenos e os grandes problemas urbanísticos do Plano Piloto ferem o tombamento e atrapalham o dia a dia. Nem mesmo as leis são capazes de impedir a ocupação indiscriminada de área pública nas asas Sul e Norte, como mostra a segunda reportagem da série Do planejamento ao caos urbano. A elaboração do Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCub) é uma saída para organizar a área tombada, mas, depois de apresentar itens polêmicos e deixar de fora da discussão a comunidade, o projeto só será levado à Câmara Legislativa para votação no próximo ano (leia Entenda o caso).

As agressões são tantas que, em março, o Conselho Comunitário da Asa Sul enviou uma carta à Agência de Fiscalização do DF (Agefis) com várias reivindicações dos moradores. Entre elas estavam o fechamento de comércio irregular nas quadras 700, a proibição da privatização de áreas verdes nos fundos dos blocos comerciais, a verificação da regularidade do funcionamento de bancas de revista e a retirada de carros com propaganda e de faixas de publicidade.

O documento cobra ações de fiscalização para fechar os que já existem e impedir novos comércios instalados em residências nas quadras 700. A reportagem do Correio visitou alguns endereços na Asa Sul e identificou um escritório de advocacia e um outdoor com a propaganda de uma clarividente em meio às casas. ;Há uma questão que pode vir a ser discutida sobre aquelas atividades que não trazem incômodo aos moradores ou não provocam problemas no trânsito. Mas o fato é que ali é uma área exclusivamente residencial e não é permitido comércio de qualquer natureza;, diz a presidente do Conselho Comunitário da Asa Sul, Heliete Bastos.

Os puxadinhos também figuram na lista entregue à Agefis. Os moradores reclamam, principalmente, da forma como cada comerciante ocupa a área pública sem qualquer regra. Em alguns casos, como na esquina da 403 Sul, o estabelecimento fecha a passagem de pedestres com cerca e móveis. Morador da quadra, o aposentado José Geraldo Pereira, 69 anos, não reclama do desrespeito, mas defende a padronização. ;É agradável você ir a um restaurante e se sentar na parte de trás, o espaço é arborizado. Mas não pode ser cada um de um jeito, da forma como está;, comenta.

Na Asa Norte, ao contrário da Asa Sul, não existe uma lei para regulamentar as regras para a ocupação da área pública. ;Eles são desorganizados e cada um ocupa da forma como quiser. Tem de padronizar e deixar livre a passagem. É constrangedor passar no meio das mesas enquanto as pessoas estão almoçando;, afirma a bibliotecária Sônia Pires, 56 anos, da 116 Norte.


Heliete critica a falta de políticas para mobilidade urbana, prejudicada pela ocupação excessiva e sem controle dos espaços públicos. ;Incluo aí a questão das calçadas, das ciclovias e das passarelas subterrâneas, que são temas antigos, mas sempre relegados pelos governos. Isso afeta a rotina de todos os cidadãos;, comenta. ;Infelizmente, vemos um uso inadequado e desrespeitoso dos espaços públicos, como as calçadas dos comércios locais, usadas pelos lojistas como extensão de suas lojas. Também é comum a ocupação dos gramados e a instalação sem controles de quiosques.;

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