Cidades

Crianças da Síria ganham abrigo em Brasília

No Brasil, a capital federal aparece como um dos principais destinos de sírios que tentam escapar da perseguição e da guerra civil no país de origem. Um dos maiores desafios é a adaptação ao sistema educacional por parte desses meninos e meninas

postado em 13/09/2015 07:00

A experiência de ter de deixar para trás, às pressas, a terra natal é dura em qualquer idade. Para as crianças, porém, as vivências podem ser ainda mais difíceis, em razão do contato tão prematuro com situações violentas geradas por guerras e perseguições religiosas. Apesar disso, são elas as que têm melhor capacidade para reconstruir a vida em outro país. Por isso, assisti-las é especialmente necessário, uma vez que se registra um aumento da concessão de refúgio no Brasil, em especial de cidadãos sírios. Eles correspondem a 24% de todos os 8,4 mil refugiados recebidos pelo país. Nesse contexto, o Distrito Federal é um dos destinos preferenciais desse grupo, por ser a capital federal.

A faixa etária predominante entre os refugiados é dos 18 aos 39 anos, de acordo com dados do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), do Ministério da Justiça (veja ilustração). Até agosto, 65,62% dos refúgios foram concedidos a pessoas com essa idade. Crianças e adolescentes aparecem no segundo grupo, porque vêm acompanhando pais e familiares. Eles correspondem a 19%. Ainda assim, são uma parcela que carece de ações específicas para lidar com os traumas gerados pela guerra. ;São refugiados quase invisíveis. Ao chegar ao país, há uma preocupação em socorrer as necessidades físicas, como fornecer moradia, trabalho e estudo, mas as necessidades psicológicas não recebem a atenção necessária;, alerta Vivianne Reis, fundadora e diretora executiva da organização não governamental IKMR, que assiste 200 crianças em Minas Gerais, Amazonas, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo e Distrito Federal.

Leia mais notícias em Cidades

Esse trabalho, contudo, não deve ser no sentido de vitimizá-las, mas de reforçar a autoestima. ;Incentivamos a criança a ter orgulho de ser refugiada, de incutir a ideia de que elas são vencedoras e guerreiras, pois saíram de seu país e estão agora em segurança;, explica Vivianne. Ela também destaca a necessidade de acompanhamento escolar, uma vez que os pequenos chegam a um sistema educacional diferente daquele com que estavam habituados. ;É preciso auxiliá-los na hora de fazer o dever de casa, até porque, muitas vezes, os pais não têm conhecimento do português para ajudá-los;, explica.

A adaptação do sistema educacional é importante para que os refugiados consigam se inserir na sociedade brasileira, de acordo com o professor de relações internacionais da Universidade Católica de Brasília Creomar Lima. ;A construção de um aparato e acolhimento passa pela reestruturação dos serviços públicos. No caso da educação, faltam professores com conhecimento nos idiomas das principais nacionalidades recebidas aqui. Além disso, ainda não temos quantidade suficiente de escolas;, comenta.

[SAIBAMAIS]

A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique aqui.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação